Tribunal sueco começa a julgar cidadão russo-sueco acusado de espionagem

Sergei Skvortsov, um sexagenário com dupla nacionalidade russa e sueca, começou hoje a ser julgado em Estocolmo por suspeita de ter transmitido "tecnologia ocidental" aos serviços secretos militares russos durante quase dez anos.

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Lusa
04/09/2023 13:58 ‧ 04/09/2023 por Lusa

Mundo

Suécia

Skvortsov, residente no território sueco desde a década de 1990, é acusado de "atividades ilegais de informação" contra a Suécia e os Estados Unidos, na sequência de uma investigação da polícia sueca em colaboração com as autoridades policiais federais norte-americanas (FBI).

O acusado terá utilizado as empresas de importação-exportação de componentes eletrónicos que dirigia para as alegadas atividades de espionagem.

As empresas serviram de plataforma para que "o serviço de informações militares russo (GRU) e parte do sistema estatal russo" recebessem ilegalmente tecnologia ocidental, segundo argumentou o procurador Henrik Olin, durante a audiência no tribunal na capital sueca.

De acordo com especialistas citados pelos meios de comunicação suecos, as informações tecnológicas podem ter sido utilizadas para a investigação de armas nucleares.

Este julgamento tem como pano de fundo uma preocupação acrescida das autoridades suecas com a segurança nacional, após a condenação de um antigo funcionário dos serviços secretos suecos por atos espionagem a favor da Rússia.

No passado mês de janeiro, os tribunais suecos condenaram um antigo agente dos serviços secretos suecos a prisão perpétua, depois de ter sido considerado culpado de "espionagem agravada".

Neste caso em concreto, o espião contava com a colaboração de um irmão que também foi condenado a prisão perpétua. 

Skvortsov, que se encontra detido desde 2022, pode ser condenado a uma pena de prisão de até quatro anos.

"Ele não é culpado de nenhuma das acusações apresentadas pelo Ministério Público", declarou a advogada de defesa, Ulrika Borg, aos juízes.

O julgamento que deve prolongar-se até ao dia 25 de setembro vai decorrer à porta fechada por razões de segurança.

De acordo com o procurador sueco, Skvortsov estava ao serviço de um sistema estatal bem estabelecido que funcionava com "regularidade".

"Trata-se de um sistema de aquisição ilegal de tecnologia através de um sistema que remonta à era soviética: necessita de agentes e de centros de informação em todo o mundo para abastecer a indústria militar", afirmou Henrik Olin.

"Sergei Skvortsov era um desses intermediários numa rede mundial", acrescentou.

O suspeito foi detido na madrugada de 22 de novembro de 2022 em casa, num subúrbio de Estocolmo, durante uma operação das unidades de comando da polícia que também envolveu dois helicópteros.

Até à sua detenção, e de acordo com as autoridades suecas, terá espiado os Estados Unidos desde 01 de janeiro de 2013 e a Suécia desde 01 de julho de 2014.

"Skvortsov representava um sério risco para os interesses da segurança nacional, tanto para a Suécia como para os Estados Unidos", disse ainda o procurador Henrik Olin, em declarações à agência France-Presse (AFP), antes do julgamento.

"Basta olhar para o campo de batalha na Ucrânia para ver que a estrutura militar-industrial russa precisa disto", acrescentou na mesma ocasião.

Em 2016, o sistema judicial norte-americano prendeu e julgou em Nova Iorque pessoas que tinham fornecido dispositivos eletrónicos ao sistema militar russo.

"A análise das autoridades norte-americanas indicam que o arguido seguiu o mesmo exemplo", referiu o procurador ainda à AFP.

Durante buscas domiciliárias, os investigadores suecos encontraram mensagens de correio eletrónico do Ministério da Defesa russo alegadamente enviadas a Skvortsov e apreenderam computadores, discos rígidos, cartões de memória USB e telemóveis.

No total, a acusação diz estar na posse de 81 elementos de prova.

Leia Também: Zelensky agradece ao rei da Suécia pela ajuda à Ucrânia

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