Um tribunal paquistanês prolongou hoje por duas semanas a prisão do ex-primeiro-ministro Imran Khan pela alegada revelação de um documento confidencial, um dia depois de lhe ter sido suspensa uma condenação por corrupção, anunciaram os seus advogados.
Khan, destituído por uma moção de censura em abril de 2022, foi condenado em 05 de agosto a três anos de prisão num processo em que foi acusado da venda ilegal de presentes que recebeu como primeiro-ministro (2018-2022).
O Tribunal Superior de Islamabad suspendeu a sentença na terça-feira, e decidiu que Khan, líder do partido da oposição Movimento Paquistanês pela Justiça (Pakistan Tehreek-e-Insaf, PTI), poderia ser libertado sob fiança.
Um tribunal antiterrorismo decidiu hoje que terá de ficar na prisão pelo menos até 13 de setembro, no âmbito de um processo relacionado com a divulgação de um documento confidencial.
A decisão foi anunciada após uma breve audiência à porta fechada na prisão de alta segurança de Attock, na província oriental do Punjab, onde está detido, disse o advogado Intazar Hussain Panjutha, citado pela agência norte-americana AP.
O tribunal marcou uma nova audiência para 02 de setembro.
O outro advogado de defesa, Salman Safdar, disse que vai apresentar uma petição a um tribunal para pedir a libertação de Khan sob fiança no caso do documento confidencial.
Anunciou ainda que vai contestar a prisão de Khan e o julgamento no estabelecimento prisional, que considerou "ilógico e inconstitucional".
A decisão foi um golpe para Khan e para a sua equipa jurídica, que esperava a libertação da antiga estrela de críquete após ter conseguido a suspensão da sentença no caso de corrupção e a fiança.
Khan, 70 anos, está envolvido em duas centenas de processos desde que foi destituído por uma moção de censura no Parlamento.
Um dos processos foi aberto pela Agência Federal de Investigação no início de agosto, sob a acusação de "expor um documento oficial secreto" que exibiu num comício em Islamabad após ter sido destituído.
Em intervenções televisivas, Khan descreveu repetidamente o documento como prova de uma ameaça dos Estados Unidos contra ele.
O documento, denominado Cipher, não foi tornado público pelo Governo, mas aparentemente continha correspondência diplomática entre o embaixador paquistanês em Washington e o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Islamabad.
Antes de ter sido detido, Khan afirmou publicamente que a destituição era uma conspiração dos Estados Unidos, do sucessor como primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, e dos militares paquistaneses, acusações que todos negaram.
Sharif demitiu-se em 28 de julho, tendo o Parlamento sido dissolvido e nomeado um governo de gestão para organizar eleições antecipadas.
Khan estava impedido de participar em qual ato eleitoral durante cinco anos, em consequência da sentença por corrupção que foi entretanto anulada.
Pelo mesmo motivo, perdeu o lugar de deputado ao Parlamento do Paquistão.
As eleições antecipadas estavam previstas para o final do ano, mas a comissão eleitoral admitiu um adiamento para redesenhar os círculos eleitorais de modo a refletirem o recenseamento realizado recentemente.
A opinião geral no Paquistão é que a votação será adiada até fevereiro de 2024, segundo a AP.
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