Equatorianos vão às urnas no domingo num clima de insegurança

Cerca de 13,4 milhões de eleitores são chamados às urnas para participar no domingo nas eleições antecipadas no Equador, num clima de insegurança e de instabilidade após um candidato presidencial ter sido assassinado num comício.

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© Johis Alarcon/Bloomberg via Getty Images

Lusa
18/08/2023 15:49 ‧ 18/08/2023 por Lusa

Mundo

Equador

Em maio passado, o Presidente equatoriano, Guillermo Lasso (partido CREO), decidiu convocar eleições para 20 de agosto, antecipando o fim do seu mandato, que terminaria em 2025.

Na ocasião, o chefe de Estado acionou uma cláusula constitucional que lhe permitiu dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas.

Lasso, eleito em 2021, argumentou que não estava a conseguir realizar as reformas que pretendia para executar a sua visão para o país, nomeadamente no plano económico, ao ser travado pela Assembleia Nacional, que era dominada pela oposição.

O Presidente equatoriano, que não participa na corrida eleitoral de domingo, também temia ser destituído pela Assembleia Nacional e, ao acionar a cláusula constitucional conhecida como "morte cruzada", ganhou mais tempo para o seu Governo.

Os vencedores das eleições de domingo terão de concluir o mandato do período 2021-2025. O novo Presidente terá um mandato de cerca de um ano e meio antes de o país voltar às urnas para as novas eleições gerais.

Nas eleições de domingo serão escolhidos o Presidente do país e os 137 parlamentares que compõe a Assembleia Nacional, além da realização de dois referendos sobre a exploração mineira e petrolífera.

Oito candidatos estão na corrida para a Presidência do Equador, entre os quais Luisa González, do movimento esquerdista Revolução Cidadã, e o ambientalista Yaku Pérez, da coligação Claro que se Pode, que reúne grupos de esquerda, indígenas, sindicatos, professores e ambientalistas.

As restantes candidaturas são de partidos ou coligações com posições políticas mais ao centro ou de direita: os empresários Xavier Hervas (RETO) e Daniel Noboa (ADN), o ex-vice-Presidente Otto Sonnenholzner (Atuemos), o especialista em segurança Jan Topic (País Sem Medo), o advogado independente Bolivar Armijos (Amigo) e o jornalista Christian Zurita (Construir), que substitui nos boletins de voto Fernando Villavicencio, assassinado na semana passada em Quito.

Uma sondagem sobre as intenções de voto dos equatorianos, realizada pela empresa ClickReport entre 04 e 06 de agosto, coloca em vantagem a candidata Luisa González (29,2%), ficando Yaku Pérez (14,4%) em segundo e Otto Sonnenholzner (12,3%) em terceiro lugar.

Estas eleições podem permitir o regresso do "correísmo" ao poder, através de uma vitória de Luisa González, nomeadamente devido ao triunfo do partido Revolução Cidadã - liderado pelo ex-Presidente Rafael Correa (2007-2017), que se encontra exilado na Bélgica - nas eleições municipais de fevereiro.

Fernando Villavicencio surgia em quinto lugar nas sondagens, com 7,5% das intenções de voto. O atentado contra o jornalista e ex-deputado ocorreu num comício realizado, na quarta-feira da semana passada, numa zona central e movimentada da capital do país, Quito.

Pelo menos nove pessoas ficaram feridas no atentado que matou Villavicencio, no qual morreu também o suspeito do ataque após um tiroteio com seguranças, de acordo com as informações fornecidas pelas autoridades equatorianas, que também confirmaram a detenção de seis pessoas.

O Presidente Guillermo Lasso decretou estado de emergência e garantiu que as eleições serão realizadas no domingo.

O Equador vive a maior crise de insegurança da história do país, situação que as autoridades atribuem ao tráfico de droga.

Segundo dados oficiais, depois de registar 22 mortes violentas por cada 100 mil habitantes em 2022, o Equador já soma uma estimativa 25 mortes por cada 100 mil este ano, podendo chegar a um total anual de 35, um índice próximo aos valores registados nas Honduras e superior aos dados do México e da Colômbia.

Na segunda-feira, Pedro Briones, membro do Revolução Cidadã e um dos líderes do partido na província de Esmeraldas, foi igualmente assassinado no noroeste do Equador.

Rider Sánchez, candidato a deputado federal pela coligação Atuemos, foi morto em Quininde, na província de Esmeraldas em julho. Em fevereiro, quando os equatorianos elegeram governantes regionais, entre os quais autarcas, foram registados 15 ataques contra candidatos e dois homicídios.

Além da segurança, outro tema bastante abordado pelos candidatos presidenciais foi o combate à corrupção.

Nos últimos anos, o Equador testemunhou diversos escândalos, nomeadamente a condenação à prisão por corrupção do ex-Presidente Rafael Correa, que atualmente vive exilado na Bélgica e afirma ser inocente nos diversos processos judiciais que enfrenta.

De acordo com a legislação do país - com mais de 17 milhões de habitantes -, um candidato presidencial precisa obter 50% dos votos, ou 40% se estiver 10 pontos à frente do seu rival mais próximo, para vencer o sufrágio na primeira volta.

Não ocorrendo este cenário, uma segunda volta será realizada em 15 de outubro.

Leia Também: Aprovada substituição de candidato presidencial assassinado no Equador

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