Nomeados pelos militares, os senadores rejeitaram por duas vezes a candidatura de Pita Limjaroenrat, líder do Move Forward (Avançar; MFP, na sigla em inglês), que conquistou o maior número de deputados, mas cujo programa foi considerado demasiado radical e hostil à monarquia.
O MFP venceu as eleições de 14 de maio graças ao apoio maciço de jovens que reivindicam mudanças profundas num reino governado pelos militares há quase uma década.
Atualmente, "o mais importante não é que Pita se torne primeiro-ministro, mas que a Tailândia se torne um país democrático", disse aos jornalistas o secretário-geral do Move Forward, Chaitawat Tulathon.
O partido apoiará, portanto, o candidato do Pheu Thai (PT), que ficou em segundo lugar e já está associado ao MFP no âmbito de uma coligação de oito partidos.
O Pheu Thai é um dos pesos pesados da política tailandesa, gerido indiretamente pela família Shinawatra, cujos membros incluem dois antigos primeiros-ministros destituídos por golpes militares em 2006 e 2014.
"Na próxima votação [quinta-feira] para nomear o primeiro-ministro, o MFP vai votar no candidato do PT, tal como o PT votou no candidato do MFP", disse Chaitawat.
As elites conservadoras do reino opõem-se firmemente ao programa reformista do MFP, que inclui a flexibilização da rigorosa lei de lesa-majestade que protege o rei e a sua família de qualquer crítica.
Na quarta-feira, Pita foi suspenso do mandato de deputado pelo Tribunal Constitucional por suspeita de irregularidades durante a campanha. Teve de abandonar o hemiciclo durante uma sessão convocada para os deputados se pronunciarem sobre a sua segunda candidatura, após uma primeira rejeição na semana passada.
No final, a votação não se realizou, porque a candidatura foi considerada contrária ao regulamento do parlamento.
O empresário Srettha Thavisin, de 60 anos, uma das duas principais figuras do PT, parece estar em melhor posição para ser o candidato do bloco pró-democracia a primeiro-ministro.
Mas a presença de elementos do MFP entre os seus apoiantes poderá levar, mais uma vez, a que os senadores o rejeitem, obrigando-o a aliar-se a movimentos cuja relação seja mais conciliatória com os militares.
Leia Também: PM da Tailândia pede calma a manifestantes após decisão do Parlamento