Cerca de mil manifestantes reuniram-se na noite de quarta-feira ao redor do Monumento à Democracia, no centro de Banguecoque, para expressar a sua desilusão pela decisão dos parlamentares em bloquear, horas antes, a candidatura a primeiro-ministro do deputado progressista Pita Limjaroenrat.
O general Prayut, que chegou ao poder através de um golpe militar em 2014 e está no cargo desde a eleição como líder interino, disse que "entende" a frustração dos apoiantes do Avançar, segundo o seu porta-voz, Rachada Dhnadirek.
O primeiro-ministro cessante pediu moderação e declarou que "todos devem trabalhar para fazer a Tailândia avançar em direção à democracia e ao lado da monarquia", de acordo com Dhnadirek.
O partido de Pita, o Avançar (Move Forward/MFP), venceu por ampla margem as eleições de 14 de maio, graças ao apoio maioritário dos jovens, que esperavam mudanças profundas no país governado pelos militares há quase uma década.
Na quarta-feira, além de ver a sua candidatura a chefe de Governo rejeitada pelo Parlamento tailandês pela segunda vez, o Tribunal Constitucional do país suspendeu provisoriamente Pita do cargo de deputado devido a uma denúncia sobre uma alegada irregularidade eleitoral.
O candidato do Avançar tem a maioria na câmara alta do parlamento, mas não entre os senadores escolhidos pela ex-junta militar tailandesa (2014-2019).
Apesar da suspensão, Pita ainda pode ser nomeado para o cargo de primeiro-ministro porque, de acordo com a lei tailandesa, o chefe do Governo não é obrigado a ser membro do legislativo, mas não pode participar na votação, nem está autorizado a permanecer no hemiciclo.
Pita e o seu partido lideram uma coligação de oito partidos que somam 312 dos 500 deputados da câmara alta do parlamento, mas também participam na eleição do chefe do Governo outros 250 senadores, na sua maioria pró-militares e conservadores.
Antes das eleições, Pita foi alvo de processos judiciais, nomeadamente por ser acionista de uma empresa de comunicação, o que é proibido a candidatos ao parlamento e motivo pelo qual foi suspenso do cargo de deputado.
A empresa em questão não opera desde 2007, mas não está encerrada porque tem processos de falência pendentes na Justiça.
Caso o Tribunal Constitucional considere Pita culpado, poderá enfrentar uma pena de até 10 anos de prisão e 20 anos de inabilitação política.
O Tribunal Constitucional também aceitou outra denúncia na semana passada contra o Avançar, acusado de tentar "derrubar" o sistema democrático do país devido à proposta de reforma em relação ao enquadramento do crime de "lesa majestade" (crime contra o rei ou contra algum membro da família real), que pode levar à inabilitação política e a penas de prisão para os dirigentes do partido.
Em 2019, o sistema de justiça tailandês já dissolveu e incapacitou os líderes do Future Forward, partido pró-democrático do qual nasceu o Avançar.
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