"Tivemos informações de que o partido do Governo está a dar comida e há cortes de energia. Estamos preocupados com as anomalias", disse Sandra Torres aos jornalistas à chegada à mesa de voto na escola de Valle Verde, a leste da Cidade da Guatemala, onde votou acompanhada pela sua equipa e familiares.
Torres, primeira-dama entre 2008 e 2012, acredita que irá passar a uma segunda volta, depois das últimas sondagens que a colocaram na liderança, com 21,3% dos votos, segundo dados da empresa ProDatos citados pela agência de noticias espanhola EFE.
A candidata do partido Unidade Nacional de Esperança (UNE) apelou também à população para que compareça nas secções eleitorais para votar, pedindo "eleições transparentes e que tudo corra bem".
Em 2015 e 2019, a ex-primeira-dama viu frustradas as suas tentativas de chegar à presidência da Guatemala, sendo em ambas as ocasiões derrotada na segunda volta, primeiro pelo comediante Jimmy Morales e depois pelo atual presidente, Alejandro Giammattei.
As assembleias de voto da Guatemala abriram hoje para cerca de 9,3 milhões de eleitores escolherem o presidente e o vice-presidente para o mandato 2024-2028, além de outras autoridades.
A abertura das assembleias ocorreu às 07:00 locais (13:00 TMG), de acordo com o regulamento do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), e deverão fechar às 18:00 locais (00:00 TMG de segunda-feira) para esta décima primeira edição das eleições desde a instauração da democracia em 1986.
Os especialistas não descartam uma alta percentagem de abstenção, devido à apatia em relação à classe política neste país da América Central.
Nas eleições de 2019, a taxa de abstenção foi de 39%, e quatro anos antes, em 2015, foi de 29%.
O principal foco de atenção é a presidência, que, segundo as sondagens, será disputada por três candidatos da política tradicional do país centro-americano.
De acordo com a sondagem da ProDatos, o antigo diplomata da ONU Edmond Mulet (13,4%) e a candidata conservadora Zury Ríos Sosa (9,1%), filha do ditador golpista Efraín Ríos Montt, estão em segundo e terceiro lugares, respetivamente.
Dezanove outros candidatos presidenciais estão também a concorrer este domingo, incluindo o político da oposição Manuel Villacorta, do partido Voluntad, Oportunidad y Solidaridad (VOS), o deputado pró governamental Manuel Conde, do partido governamental Vamos, e o social-democrata Bernado Arévalo, filho do antigo presidente Juan José Arévalo Bermejo (1945-1951).
Tanto os analistas locais como as organizações internacionais insistiram que o processo eleitoral foi irregular por várias razões, mas principalmente devido à exclusão arbitrária de três candidatos: a líder indígena Thelma Cabrera, o filho do antigo presidente Álvaro Arzú Irigoyen (1996-2000), Roberto Arzú García-Granados, e o empresário Carlos Pineda, quando este liderava as sondagens.
Uma dúzia de missões internacionais de observação eleitoral chegou à Guatemala no domingo para acompanhar as eleições, incluindo da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA).
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