"No total, entre 01 de abril e 30 de junho de 2025, pelo menos 1.520 pessoas morreram e 609 ficaram feridas em atos de violência armada, principalmente na área metropolitana de Porto Príncipe, seguida de Artibonite e Centro", referiu o escritório no comunicado.
A entidade refere ainda que foram contabilizados 185 raptos e 628 vítimas de violência sexual.
A organização indica que os membros dos bandos continuaram a recorrer a assassinatos, violações e raptos para controlarem as populações que vivem em regiões sob a sua influência.
Segundo a mesma nota foram registados casos de escravatura sexual, exploração sexual, tráfico e exploração de crianças.
Durante o mesmo período, as operações das forças de segurança contra grupos criminosos provocaram 64% das pessoas mortas ou feridas, mais de um terço das quais durante ataques com drones explosivos.
A coordenadora-chefe humanitária da ONU do país, Ulrika Richardson, citada em comunicado disse que "os ataques de gangues nos departamentos de Artibonite e do Centro, bem como na capital, continuam a provocar graves violações dos direitos humanos e a agravar uma crise humanitária já em si grave".
Em 30 de junho, mais de um milhão e trezentas mil pessoas estavam deslocadas, sendo que o país tem cerca de 11 milhões de habitantes.
Na nota, o gabinete das Nações Unidas chama a atenção do governo haitiano, com o apoio da comunidade internacional, a reforçar a luta contra os bandos, sublinhando o respeito pelos direitos humanos e das regras de utilização da força.
A organização apelou ainda à aceleração da criação de centros judiciais especializados, à continuação do controlo da polícia nacional e à proteção da população.
Em 2024, a ONU registou mais de 5.600 mortes relacionadas com a violência de gangues (mais 20% do que em 2023), 1.500 sequestros, quase 6.000 casos de violência de género (incluindo 69% de agressões sexuais) e um aumento de 70% no número de crianças recrutadas à força por grupos armados.
Já nos primeiros três meses deste ano, mais de 1.600 pessoas, maioritariamente membros de gangues, foram mortas no Haiti, à medida que grupos criminosos tentaram expandir ainda mais o controlo territorial, segundo dados da ONU.
O Haiti, o país mais pobre das Américas e um dos mais carenciados do mundo, há muito que sofre com a violência de gangues criminosos, acusados de homicídio, violações, pilhagens e raptos, num contexto de grande instabilidade política.
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