"Apenas os navios de pesca que se dedicam exclusivamente à pesca no âmbito do acordo bilateral entre as Ilhas Faroé e a Rússia serão autorizados a entrar nos portos das Ilhas Faroé", declarou o Governo de Tórshavn.

Mesmo os navios de pesca russos serão limitados a usar os portos das ilhas para "mudanças de tripulação, abastecimento de combustível, reabastecimento, desembarque e transbordo".

A manutenção e as reparações passam a ser proibidas, exceto em casos de força maior, e a compra de mercadorias será limitada, anunciaram as autoridades locais, citadas pela agência francesa AFP.

As Ilhas Faroé pretendem reduzir drasticamente as atividades marítimas russas nos portos do arquipélago devido a suspeitas de espionagem e na sequência de críticas após a renovação do acordo de pesca no final de novembro.

O acordo, renovado anualmente desde 1977, abrange quotas de captura de várias espécies (bacalhau, arinca, badejo e arenque) no Mar de Barents para os faroenses e nas águas ao largo das Ilhas Faroé para os russos.

De acordo com o Ministério das Pescas local, as receitas do acordo representam 5% do Produto Interno Bruto (PIB) das Ilhas Faroé.

Situado no Atlântico Norte, entre a Escócia e a Islândia, este arquipélago de 54 mil habitantes goza, desde 1948, de um elevado grau de autonomia em relação ao reino da Dinamarca, incluindo a nível da política comercial.

A Rússia é um dos principais parceiros comerciais do território desde o diferendo entre a Islândia, as Ilhas Faroé e a União Europeia (UE) sobre as quotas de cavala e arenque, entre 2010 e 2014.

O embargo europeu ao peixe das Ilhas Faroé levou o arquipélago a explorar outros mercados.

As Ilhas Faroé decidiram não fazer parte das Comunidades Europeias aquando da adesão da Dinamarca, em 1973, pelo que não fazem parte da UE nem do Espaço Económico Europeu, ao contrário da Noruega e da Islândia.

Também não integram o grupo de 13 países e territórios ultramarinos associados à UE, como a Gronelândia, que também é um território dinamarquês autónomo.

As relações formais entre a UE e as Ilhas Faroé baseiam-se em três acordos bilaterais distintos relativos à pesca, ao comércio de mercadorias e à cooperação científica e tecnológica, segundo a Comissão Europeia.

A Rússia é alvo de sanções da UE, dos Estados Unidos e de outros aliados da Ucrânia desde que invadiu o país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.

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