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Moscovo assina acordo para instalar armas nucleares na Bielorrússia

A Rússia e a Bielorrússia assinaram hoje um acordo que formaliza os procedimentos para o envio e instalação de armas nucleares táticas em território bielorrusso, mantendo-se, porém, o controlo do armamento em Moscovo.

Moscovo assina acordo para instalar armas nucleares na Bielorrússia
Notícias ao Minuto

13:21 - 25/05/23 por Lusa

Mundo Ucrânia

Em março, o Presidente russo, Vladimir Putin, indicou que tinha já acertado com o homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, a intenção de Moscovo instalar armas nucleares táticas de curto alcance e de pequeno rendimento na Bielorrússia.

A assinatura do acordo ocorre numa altura em que a Rússia se prepara para enfrentar uma aguardada contraofensiva da Ucrânia.

Tanto os responsáveis russos como os bielorrussos consideram que a medida é motivada pela hostilidade do Ocidente.

"A instalação de armas nucleares não estratégicas é uma resposta eficaz à política agressiva de países hostis" à Rússia e à Bielorrússia, disse o ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenin, em Minsk, durante uma reunião com o homólogo russo, Serguei Shoigu.

"No contexto de uma escalada extremamente acentuada das ameaças nas fronteiras ocidentais da Rússia e da Bielorrússia, foi tomada a decisão de adotar contramedidas na esfera militar-nuclear", acrescentou Shoigu.

O Ministério da Defesa bielorrusso afirmou que o acordo se refere à "instalação especial de armazenamento no território" da Bielorrússia.

Não foi anunciado qualquer pormenor sobre a data em que as armas serão instaladas na Bielorrússia, mas Putin já indicou que a construção de instalações de armazenamento para armas nucleares táticas na Bielorrússia estaria concluída até 01 de julho.

A decisão foi já criticada pela líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.

"Temos de fazer tudo para impedir o plano de Putin de instalar armas nucleares na Bielorrússia, uma vez que isso garantirá o controlo da Rússia sobre a Bielorrússia nos próximos anos", disse Tikhanovskaya à agência noticiosa Associated Press (AP).

"Isso colocará ainda mais em risco a segurança da Ucrânia e de toda a Europa", acrescentou.

Aliaksandr Alesin, analista militar bielorrusso independente, afirmou que cerca de dois terços do arsenal russo de mísseis nucleares de médio alcance foram mantidos na Bielorrússia durante a Guerra Fria, acrescentando que existem dezenas de instalações de armazenamento da era soviética que ainda podem ser usadas para armazenar o armamento em causa.

As armas nucleares soviéticas que estavam estacionadas na Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão foram transferidas para a Rússia num acordo mediado pelos Estados Unidos após a dissolução da União Soviética em 1991.

No entanto, os locais de armazenamento continuam intactos.

"Os documentos assinados em Minsk sobre a devolução das armas nucleares à Bielorrússia foram assinados de forma desafiadora precisamente no momento em que a Ucrânia declarou uma contraofensiva e os países ocidentais estão a entregar armas a Kiev", disse Alesin à AP.

"Esta varanda nuclear bielorrussa deve estragar o humor aos políticos no Ocidente, uma vez que os mísseis nucleares são capazes de cobrir a Ucrânia, toda a Polónia, os Estados Bálticos e partes da Alemanha", sublinhou Alesin.

O chefe da diplomacia bielorrussa também anunciou planos para "aumentar o potencial de combate do agrupamento regional de tropas russas e bielorrussas", incluindo a transferência para Minsk do sistema de mísseis Iskander-M, capaz de transportar uma carga nuclear, e do sistema de mísseis antiaéreos S-400.

A Rússia e a Bielorrússia têm um acordo de aliança ao abrigo do qual o Kremlin subsidia a economia bielorrussa, através de empréstimos e descontos no petróleo e no gás russos. 

A Rússia utilizou o território bielorrusso como ponto de partida para a invasão da vizinha Ucrânia e mantém um contingente de tropas e armas no país.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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