Esta viagem será "um ponto de viragem nas relações Irão-Síria", prometeu Raisi antes de encerrar a sua visita de dois dias naquele país, a primeira de um Presidente iraniano desde 2010.

Raisi, que falava num fórum onde estiveram presentes empresários sírios e iranianos, sublinhou que esta visita a Damasco "terá impacto na região, bem como nas relações comerciais e económicas entre os dois países", apelando a "um salto em frente" nas suas relações comerciais.

Durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo sírio Bashar al-Assad, o chefe de Estado iraniano elogiou a Síria pela sua "vitória apesar das sanções" impostas ao regime de Damasco, após 12 anos de conflito que custou mais de 500.000 vidas.

O Irão "ficará ao lado dos seus irmãos sírios no campo do desenvolvimento e progresso" durante a fase de reconstrução, assegurou ainda Raisi.

Atrair capital para reconstruir um país com a sua infraestrutura devastada pela guerra tornou-se uma prioridade para Damasco que, graças aos seus aliados russos e iranianos, já controla a maior parte dos territórios perdidos após o início do conflito em 2011.

Na quarta-feira, Raisi e Al-Assad assinaram um memorando de entendimento para um plano de cooperação estratégica em diversas áreas, incluindo agricultura, caminhos-de-ferro, aviação civil, petróleo e zonas francas criadas para atrair investimentos.

De acordo com o Presidente iraniano, o acordo inclui quinze documentos de cooperação que abrangem "todas as medidas necessárias para abrir um novo capítulo nas relações económicas bilaterais".

Desde 2013, o Irão tem aberto linhas de crédito, em concreto para garantir as necessidades petrolíferas da Síria, atingida por um embargo internacional e sujeita a severas sanções desde 2011, devido à sangrenta repressão de manifestações pró-democracia.

Durante a visita, Raisi também se encontrou com membros das "forças de resistência" palestinianas, cuja existência é "mais necessária do que nunca" contra Israel, inimigo de Teerão.

O governante iraniano encontrou-se ainda com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Faisal Mekdad, segundo a agência oficial de notícias síria Sana.

Esta reunião concentrou-se nos "preparativos em andamento para participar da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Síria, Irão, Rússia e Turquia nos próximos dias em Moscovo", de acordo com a mesma fonte.

O Presidente da Síria está a trabalhar para acabar com mais de uma década de isolamento diplomático, auxiliado pela inesperada reaproximação entre a Arábia Saudita e o Irão.

Várias capitais árabes, há muito hostis ao regime de Damasco, principalmente Riade, retomaram relações recentemente, principalmente após o terremoto devastador em fevereiro.

Um dos avanços é a realização pela Liga Árabe de duas reuniões extraordinárias, uma das quais incidirá sobre a Síria e o seu potencial regresso à organização, antes da cimeira anual de chefes de Estado da Liga, em 19 de maio, na capital saudita.

Uma reunião sobre este tema decorreu em meados de abril na Arábia Saudita entre nove países árabes, incluindo os do Conselho de Cooperação do Golfo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Faisal ben Farhane, também realizou uma visita inédita a Damasco em 18 de abril, onde foi recebido por Al-Assad.

Na segunda-feira, outra reunião pan-árabe para discutir as relações com a Síria decorreu na Jordânia.

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