"As crises de saúde e económicas, o agravamento de conflitos armados e os efeitos devastadores das mudanças climáticas estão a forçar as famílias a procurar um falso sentido de refúgio no casamento infantil", afirmou a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell.
Num relatório divulgado hoje, a UNICEF indicou que existem atualmente cerca de 640 milhões de mulheres que casaram na infância e que a redução da percentagem de mulheres jovens nesse grupo tem sido mais lenta na África Subsaariana, onde os casamentos infantis estão a aumentar.
Segundo o Fundo das Nações Unidas, é necessário que as reduções globais sejam 20 vezes mais rápidas para alcançar o objetivo de desenvolvimento sustentável de erradicar o casamento infantil até 2030.
A diretora executiva da UNICEF em Portugal, Beatriz Imperatori, alertou para a persistência de casamentos infantis também no caso português.
"Para eliminar esta prática em Portugal, é crucial eliminar todas as exceções na lei que permitem casamentos antes dos 18 anos. O envolvimento de vários setores do Estado e da sociedade civil é fundamental para esta causa", destacou.
Segundo a Unicef, o sul da Ásia continua a liderar a redução global do casamento infantil, apesar de uma em cada quatro mulheres jovens casar antes dos 18 anos.
Para além da África Subsaariana, que está a 200 anos de acabar com esta prática, também o Médio Oriente, o norte de África, a Europa Oriental e a Ásia Central estagnaram nos progressos.
O relatório apontou também a covid-19 como causa para o abrandamento, estimando que a pandemia já tenha reduzido em um quarto o número de casamentos infantis evitados desde 2020.
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