"O Wagner está presente em muitos países africanos e desempenham não apenas um papel militar, mas também político, que na minha opinião visa criar pontos de tensão, contrastes e contradições que muitas vezes levam a dificuldades para o Ocidente, que está envolvido numa ação de apoio à independência da Ucrânia", disse o governante à Radio 24, citada pela agência italiana de notícias, a ANSA.
"Portanto, esta é a ação que o Wagner está a levar cabo, uma presença militar que tem objetivos políticos, e mesmo no Sudão os russos estão a tentar criar confusão", acrescentou, vincando não estar "muito otimista a curto prazo" e admitindo que "está em curso uma guerra civil".
Na entrevista, Tajani alertou também para o risco de um novo aumento nos fluxos migratórios: "Já há milhares de pessoas a fugir do Sudão para o Chade", afirmou, concluindo que a "a Itália vai continuar a trabalhar para ser um protagonista quando a paz voltar ao país".
O grupo paramilitar Wagner é composto por mercenários e liderado por Yevgeny Prigozhin, amigo pessoal do Presidente da Rússia, tem nas suas fileiras muitos presos russos, que compõem a maioria dos seus soldados, e é frequentemente acusado pelas instituições internacionais de violações dos direitos humanos.
O Sudão é palco desde 15 de abril de combates entre as forças do chefe do exército e governante de facto do Sudão desde o golpe de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e o "número dois" e chefe das forças paramilitares de apoio rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdane Daglo.
Pelo menos 459 pessoas morreram e mais de quatro mil ficaram feridas, de acordo com a ONU.
Um cessar-fogo de três dias entre as partes beligerantes, mediado pelos Estados Unidos, trouxe alguma calma a Cartum, mas testemunhas relataram já o regresso dos ataques aéreos e combates.
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