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Antecipação das eleições gerais no Peru teria "aliviado as tensões"

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou hoje que a antecipação para 2023 das eleições gerais no Peru teria permitido "aliviar as tensões" que o país regista desde a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.

Antecipação das eleições gerais no Peru teria "aliviado as tensões"
Notícias ao Minuto

19:18 - 18/04/23 por Lusa

Mundo Borrell

"Antecipar as eleições para este ano, que foi uma das principais reivindicações durante os protestos, decerto que teria permitido aliviar as tensões e iniciar o regresso da confiança nas instituições democráticas", declarou o Alto representante para a política externa da União Europeia (UE) no decurso de um debate sobre o Peru que decorreu no Parlamento europeu.

Borrell reconheceu que a atual Presidente peruana, Dina Boluarte, após "um momento de dúvida inicial" acabou por se manifestar "favorável a organizar essas eleições antecipadas".

"Mas ela não pode dissolver o Congresso [Parlamento]. Teria de ser o Congresso a autodissolver-se e não parece pretender fazê-lo, ou pelo menos agora não quis fazê-lo. E, assim, a situação está bloqueada", comentou.

O chefe da diplomacia comunitária assumiu que as eleições "não são uma solução maravilhosa ou milagrosa para todos os problemas, mas parecem constituir condição necessária para que através de medidas consensuais de longo prazo se possa melhorar a governabilidade e a coesão social".

Borrell também considerou que a sociedade peruana terá de "encontrar uma solução para a crise social e política" e que "caso não se promovam reformas, se não foram adotadas medidas, o vínculo entre os representantes políticos e a sociedade será quebrado em definitivo".

"Este é o momento para evitar taticismos e jogos de poder, e pensar no futuro do povo peruano", assinalou.

Borrrell também advertiu contra a "tentação de recorrer à violência e substituir a política pela força".

Pedro Castillo cumpre 18 meses de prisão preventiva desde 16 de dezembro passado, quando esta medida foi decretada enquanto se anunciavam investigações por delitos de rebelião e conspiração por ter tentado um autogolpe de Estado em 07 de dezembro com o objetivo de dissolver o Congresso e governar por decreto até à convocação de eleições para um nova assembleia constituinte.

Na sequência da detenção de Castillo registaram-se fortes mobilizações populares que exigiram a sua libertação, a demissão de Dina Boluarte - sua ex-vice-presidente e que assumiu a chefia do Estado - ou a antecipação das eleições.

Apesar de uma pausa a partir de fevereiro nos protestos -- que registam um balanço de pelo menos 60 mortos e centenas de feridos e detidos, em particular devido à atuação das forças policiais e militares -- diversos observadores admitem um regresso das mobilizações populares.

A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, ou pelos principais 'media' na posse de empresários milionários.

Num relatório divulgado em finais de fevereiro, a Amnistia Internacional (AI) denunciou a "violenta repressão do Estado" peruano contra os protestos antigovernamentais no país e o "uso indiscriminado de armas letais" contra manifestantes, para além de detenções arbitrárias e outras violações dos direitos humanos, incluindo alegadas execuções extrajudiciais.

Leia Também: Supremo do Peru nega anulação do processo contra Castillo por autogolpe

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