Reino Unido quer transferir imigrantes ilegais para bases militares
O Governo conservador britânico anunciou hoje que pretende transferir para antigas bases militares britânicas "vários milhares" de imigrantes ilegais e candidatos a asilo atualmente hospedados em hotéis, apesar da oposição das autarquias do próprio Partido Conservador.

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Mundo Migrações
O secretário de Estado para a Imigração britânico, Robert Jenrick, disse na Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento) identificou três antigas bases militares nos condados de Lincolnshire, Essex e East Sussex onde os imigrantes serão hospedados em casernas e cabinas temporárias.
O executivo "continua a explorar a possibilidade" de usar barcos como alojamento temporário, acrescentou.
"O bem-estar dos imigrantes ilegais não deve ser elevado acima do dos britânicos", argumentou Robert Jenrick, invocando a necessidade de reduzir a despesa do Governo com a acomodação temporária, estimada em cerca de seis milhões de libras diárias (6,8 milhões de euros ao câmbio atual).
O recurso a hotéis vai continuar, admitiu o governante, mas estas medidas "vão aliviar a pressão" sobre os serviços públicos locais.
O sistema de imigração do Reino Unido está sobrecarregado com milhares de imigrantes que atravessam em pequenas embarcações o Canal da Mancha (que liga França ao Reino Unido) para pedir asilo. No ano passado, chegaram mais de 45.000 pessoas, contra cerca de 300 em 2018.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, assumiu como prioridade "parar os barcos" e introduziu no início do mês uma proposta de lei para deter imigrantes ilegais e enviá-los para países terceiros para terem o pedido de asilo processado.
O anúncio destas medidas coincide com a contagem decrescente das eleições locais, previstas para maio, numa altura em que o Partido Conservador continua em desvantagem relativamente ao 'Labour' (Partido Trabalhista).
Porém, os planos do Governo divulgados hoje enfrentam a resistência de autarquias locais lideradas por conservadores.
O deputado 'tory' (conservador) que representa Lincolnshire, Edward Leigh, avisou Jenrick que a autarquia de West Lindsey pretende "lançar imediatamente uma providência cautelar" contra esta má decisão que "não é baseada em boa governação, mas na política de tentar fazer alguma coisa".
A autarquia de Braintree, em Essex, igualmente de maioria conservadora, também condenou a escolha, alegando que a base aérea de Wethersfield é inadequada e os serviços locais não têm capacidade, e lançou uma providência cautelar provisória.
O Partido Trabalhista, a principal força da oposição, concordou com a necessidade de conter custos, mas criticou o Governo por não ter encontrado locais mais baratos e soluções mais cedo.
"A declaração de hoje é uma admissão de fracasso. Talvez seja por isso que a ministra do Interior tenha pedido ao secretário de Estado da Imigração que a fizesse em seu lugar", afirmou a deputada trabalhista Yvette Cooper.
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