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Trump será detido hoje? Acusação seria momento sem precedentes nos EUA

A decisão de indiciar ou não o ex-presidente dos EUA Donald Trump, pelos alegados subornos durante a sua campanha presidencial de 2016, está nas mãos de um grande júri de Manhattan, que tem ouvido as provas em segredo.

Trump será detido hoje? Acusação seria momento sem precedentes nos EUA

Getty Images 

Notícias ao Minuto

06:23 - 21/03/23 por Lusa

Mundo Donald Trump

Um indiciamento do já assumido candidato às presidenciais de 2024 seria um momento sem precedentes na história norte-americana, por ser o primeiro processo criminal contra um ex-presidente dos Estados Unidos.

As forças policiais estão a preparar-se para protestos e a possibilidade de violência, depois de Trump ter convocado os seus apoiantes para contestarem a possível acusação.

Esta circunstância, se confirmada, também pode ser um teste ao já dividido Partido Republicano, sobre se deve apoiar Trump na sua terceira corrida à Casa Branca.

Trump nega qualquer irregularidade e criticou a investigação do gabinete do procurador do distrito de Manhattan, acusando-a de ser politicamente motivada.

O grande júri está a investigar o envolvimento de Trump no pagamento de 130.000 dólares (cerca de 121.000 euros) feito em 2016 à atriz pornográfica Stormy Daniels, para impedi-la de divulgar publicamente um encontro sexual que esta disse ter tido com o republicano anos antes.

O advogado de Trump, Michael Cohen, pagou a Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, através de uma empresa de fachada antes de ser reembolsado por Trump, cuja empresa, a Trump Organization, registou o reembolso como despesas legais.

No início de 2016, Cohen também conseguiu que a ex-modelo da Playboy Karen McDougal recebesse 150.000 (cerca de 14.000 euros) da editora do tabloide The National Enquirer, que então reprimiu a sua história, numa prática jornalística duvidosa.

Trump nega ter feito sexo com qualquer uma das mulheres.

A equipa do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, parece estar a investigar se Trump ou qualquer outra pessoa cometeu crimes no Estado de Nova York ao organizar os pagamentos ou na forma como estes foram contabilizados internamente na Trump Organization.

A política de longa data do Departamento de Justiça proíbe o indiciamento federal de um presidente em exercício, mas Trump, há dois anos fora do cargo, não desfruta mais desse estatuto legal.

De qualquer forma, o caso de Nova Iorque não é uma investigação federal.

O que é um grande júri?

Um grande júri é formado por pessoas da comunidade, semelhante a um júri num julgamento. Mas, ao contrário dos júris que assistem aos julgamentos, os grandes júris não decidem se alguém é culpado ou inocente. Eles apenas decidem se há provas suficientes para alguém ser acusado.

Os procedimentos são fechados ao público, incluindo aos órgãos de comunicação social e não há nenhum juiz presente nem nenhum representante do acusado.

Os procuradores convocam e questionam as testemunhas, e os grandes jurados também podem fazer perguntas.

As testemunhas

Uma das últimas testemunhas convocadas foi Robert Costello, que já foi consultor jurídico de Cohen, a principal testemunha da investigação.

Costello e Cohen desentenderam-se e o primeiro indicou que tem informações que acredita que minariam a credibilidade de Cohen e contradizem as suas atuais declarações incriminatórias sobre Trump.

O magnata republicano também foi convidado a testemunhar, mas o seu advogado referiu que o ex-Presidente não tem planos de participar.

A corrida às presidenciais e os vários problemas legais de Trump

Trump tem dito que as acusações o estão a ajudar na corrida às presidenciais de 2024 e o governador da Florida, Ron DeSantis, também apontado como candidato pelos republicanos, criticou a investigação, considerando-a politicamente motivada e "fundamentalmente errada".

Mas DeSantis também fez o primeiro ataque ao possível rival, referindo que "não sabe o que significa pagar dinheiro a uma estrela pornográfica para garantir o silêncio".

A investigação de Nova Iorque é um dos muitos problemas legais que Trump enfrenta, pois o Departamento de Justiça está a investigar a sua retenção de documentos classificados da sua administração na sua propriedade na Florida, Mar-a-Lago, depois de deixar a Casa Branca, bem como possíveis esforços para obstruir essa investigação.

Investigadores federais também estão a investigar a invasão do Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021 e os esforços de Trump para anular as eleições de 2020 que alegou, sem provas, que foi fraudulenta.

No fim de semana, Trump previu que será detido esta terça-feira pelo procurador de justiça de Nova Iorque e instou os seus apoiantes a protestarem.

No entanto, publicamente ainda não ocorreu qualquer anúncio sobre o fim do trabalho do grande júri e um porta-voz de Trump referiu que não houve uma notificação do gabinete de Bragg.

Em caso de ocorrer uma detenção, segundo a professora da Escola de Direito de Nova Iorque e ex-advogada de defesa criminal Anna Cominsky, os advogados de Trump deverão fazer um acordo com a procuradoria para evitar que o republicano seja levado algemado pelas autoridades.

"Mas ele não foge do caos, então pode querer utilizar isso a seu favor", alertou ainda.

Leia Também: Apelo de Trump para protestos recebe reação silenciosa de apoiantes

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