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Choques globais? Guterres defende "nova vida" do sistema multilateral

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu hoje uma "nova vida" para o sistema multilateral, para que esteja fortalecido e melhor preparado para choques globais futuros.

Choques globais? Guterres defende "nova vida" do sistema multilateral
Notícias ao Minuto

23:51 - 09/03/23 por Lusa

Mundo ONU

Num 'briefing' aos Estados-membros da ONU, em Nova Iorque, Guterres apresentou dois resumos de políticas da "Nossa Agenda Comum" para a Cimeira do Futuro: formas de cumprir responsabilidades para com as gerações futuras; e propostas para fortalecer a resposta internacional a choques globais complexos através de uma plataforma de emergência.

"O objetivo é simples: dar nova vida ao sistema multilateral, para que possa cumprir as promessas da Carta das Nações Unidas e da Agenda 2030. À medida que o nosso mundo se torna mais complexo, mais incerto e mais perigoso, temos uma responsabilidade ainda maior de fortalecer o nosso sistema multilateral. Esse deve ser o objetivo final da Cimeira do Futuro", frisou.

Após regressar de uma visita à Ucrânia, o ex-primeiro-ministro português defendeu um olhar para o futuro, reconhecendo os direitos e interesses das pessoas que ainda não nasceram.

"A maioria dos membros das gerações futuras nascerá em países que atualmente são de baixos e médios rendimentos. (...) Privilégio e pobreza são transmitidos poderosamente através das gerações. O meu resumo da política deixa claro que um futuro seguro e equitativo começa agora", indicou.

De acordo com Guterres, o mundo carece de mecanismos e  estruturas práticas para transformar esses compromissos em realidade, pelo que propôs a nomeação de um enviado que será a voz global para as gerações futuras; a criação de um fórum intergovernamental dedicado ao tema; assim como a redação de uma declaração política que descreva medidas práticas a serem adotadas e compromissos efetivos para o futuro.

Em relação ao fortalecimento da resposta internacional a choques globais, o líder da ONU propôs a criação de uma Plataforma de Emergência.

"Essa plataforma consistiria num conjunto de protocolos para convocar os principais atores no caso de choques globais complexos e operacionalizar a sua resposta coordenada. Não seria uma entidade ou um corpo permanente", esclareceu.

Tendo em conta a atual interconexão global, os choques que ocorrem num país ou setor podem rapidamente ter consequências em cascata em outros lugares, geralmente de maneiras imprevistas, salientou Guterres, observando que esses "choques estão a acontecer com maior força e frequência, com sérias implicações para a paz, estabilidade económica e sustentabilidade ambiental".

Contudo, a resposta global a esses choques costuma ser "fragmentada e improvisada", pelo que o mundo precisa de um mecanismo que dê lhes uma resposta multidimensional, defendeu o secretário-geral.

"Uma Plataforma de Emergência alavancaria o poder de convocação e as capacidades da ONU de maneira oportuna e previsível. Identificaria e reuniria atores apropriados para dar resposta e seria flexível e ágil", argumentou.

"Fundamentalmente, promoveria uma resposta global baseada na solidariedade e na equidade, e no princípio fundamental de não deixar ninguém para trás", disse.

Embora as decisões continuem a caber aos Estados-membros, essa Plataforma de Emergência defendida pela ONU também incluiria o setor privado, a sociedade civil e outros parceiros não estatais com capacidade de contribuir para uma resposta global.

Essa Plataforma também não deslocaria ou duplicaria o trabalho de órgãos intergovernamentais, incluindo o Conselho de Segurança, sendo, na sua base, uma ferramenta multilateral de apoio a mecanismos já existentes.

"As Nações Unidas são a única organização que pode reunir todas as partes interessadas no caso de choques globais complexos e fazer com que trabalhem juntas para obter o melhor efeito. Estas recomendações estão agora nas vossas mãos. Encorajo-vos a considerá-las de perto", instou Guterres, informando que publicará mais mais nove resumos de políticas até julho.

Leia Também: Lavrov acusa Guterres de não assumir posição neutral no conflito

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