Segundo o jornal 'online' Irrawaddy, especializado na cobertura do sudeste asiático, soldados do Myanmar terão ateado fogo a pelo menos cinco aldeias, incluindo Moat Soe Choung, Taw Taw e Kyee Kan, retendo aldeões e executando sete pessoas que julgavam estarem associadas a grupos rebeldes armados.
"Ainda estamos a trabalhar para contar o número de casas queimadas. Algumas pessoas ainda se encontram detidas, [mas] podemos constatar que pelo menos seis pessoas foram mortas em Kyee Kan", acrescendo outra morte noutra aldeia, disse um porta-voz da Wetlet Information Network, citado pelo Irrawaddy.
Só na sexta-feira, 56 casas foram destruídas na aldeia de Saing Naing Gyi e outras nove foram incendiadas em Saing Naing Lay, resultando na destruição de reservas significativas de arroz em ambas as aldeias.
Ainda de acordo com o Irrawaddy, pelo menos cinco militares foram mortos em confrontos com guerrilheiros da Força de Defesa Popular de Nagar Min, baseada em Wetlet-based Nagar.
Em 2021, após deter a então chefe do governo de Myanmar, Aung San Suu Kyi, o Exército do Myanmar declarou estado de emergência e assumiu o controlo do país.
Desde então, o Myanmar tem vindo a enfrentar uma guerra civil que, num ano, já levou à morte de mais de 2.500 pessoas em operações da junta e à detenção de outras 17.500 foram detidas, de acordo com a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos do país.
Minas terrestres e munições por explodir feriram ou mataram mais de uma pessoa por dia em Myanmar (antiga Birmânia) em 2022, de acordo com as Nações Unidas, um aumento de quase 40% em relação a 2021.
O golpe de Estado militar que derrubou o Governo de Aung San Suu Kyi em 2021 desencadeou novos combates com grupos étnicos rebeldes e a formação de dezenas de forças de defesa popular em áreas anteriormente poupadas a décadas de conflito na Birmânia.
O país do sudeste asiático não é signatário da convenção das Nações Unidas que proíbe o uso, armazenamento ou desenvolvimento de minas antipessoal.
Os militares birmaneses têm sido repetidamente acusados de atrocidades e crimes de guerra durante décadas de conflito interno e, no ano passado, a Amnistia Internacional afirmou que as tropas estavam a colocar minas terrestres em "escala maciça", inclusive junto a igrejas e em caminhos que conduzem a campos de arroz.
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