Em 22 de fevereiro, o executivo peruano anunciou que daria cerca de 13 mil euros aos familiares de cada um dos falecidos e cerca de 6.000 euros aos feridos graves.
Segundo a resolução publicada no jornal oficial El Peruano, esta segunda lista inclui sete familiares de quatro mortos e 27 feridos graves, entre civis e polícias, entre 08 de dezembro e 10 de fevereiro.
O Ministério da Justiça e Direitos Humanos (MinjusDH) explicou que nesta nova lista constam 98 familiares de 56 mortos e 27 feridos graves com sequelas em acontecimentos violentos, que foram incluídos no apoio económico.
A lista de mortos inclui 55 civis e um agente da Polícia Nacional (PNP).
O regulamento especifica que o apoio para o segundo grupo de beneficiários atinge, no total, um montante máximo de cerca de 220 mil euros, acrescido dos encargos bancários correspondentes.
Em 23 de fevereiro, o MinjusDH aprovou uma primeira lista de beneficiários, composta por 91 familiares de 52 falecidos, e providenciou o pagamento a favor de cada uma das pessoas identificadas, no valor total máximo de cerca de 600 mil euros.
As vítimas e familiares foram identificados por uma comissão especial criada em 31 de dezembro, que propôs a entrega do apoio económico que, segundo o governo, "corresponde a um subsídio que não tem caráter compensatório ou reparatório".
"Este benefício não tem implicação na determinação de possíveis responsabilidades administrativas, civis e/ou criminais" determinadas pelas investigações dos confrontos ocorridos no Peru desde dezembro, indicou.
Segundo dados da Procuradoria do Povo, 48 pessoas foram mortas pelas forças militares e policiais durante os protestos, que eclodiram no Peru após a detenção de Castillo, substituído interinamente pela ex-vice-presidente Dina Boluarte.
Pelo menos outras 11 perderam a vida na sequência do bloqueio das estradas. Um polícia também foi morto no interior do seu carro por manifestantes, que incendiaram a viatura.
Os manifestantes exigem a libertação de Castillo, a demissão de Dina Boluarte, a antecipação das eleições, a dissolução do parlamento e a convocação de uma assembleia constituinte. Apesar de uma pausa nos protestos, diversos observadores admitem um regresso a curto prazo das mobilizações populares.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de abastados empresários.
Num relatório divulgado em finais de fevereiro, a Amnistia Internacional (AI) denunciou num relatório a "violenta repressão do Estado" peruano contra os protestos antigovernamentais no país e o "uso indiscriminado de armas letais" contra manifestantes, para além de detenções arbitrárias e outras violações dos direitos humanos, incluindo alegadas execuções extrajudiciais.
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