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Peru confirma suspensão da exportação de equipamentos antimotim por Espanha

O Governo peruano confirmou esta sexta-feira que a Espanha suspendeu as exportações de material de controlo de distúrbios para o país andino, onde decorrem desde dezembro manifestações antigovernamentais que já causaram 70 mortos.

Peru confirma suspensão da exportação de equipamentos antimotim por Espanha
Notícias ao Minuto

06:52 - 25/02/23 por Lusa

Mundo Peru

"Sim, a Espanha decidiu não vender material de gás lacrimogéneo à Polícia Nacional, respeitável por sinal", sublinhou o ministro do Interior peruano, Vicente Romero, numa conferência de imprensa onde garantiu que o Peru irá "bater a outras portas" para comprar este material.

A Amnistia Internacional (AI) pediu repetidamente ao Governo espanhol que suspendesse imediatamente as exportações de armas e equipamentos de choque para o Peru "como medida de precaução".

Sobre este assunto, Romero assegurou que o Peru é um "Estado de direito" e que o "país vive em democracia", noticiou a agência Efe.

"Existe uma independência de poderes e temos que ser responsáveis e respeitar que, em algum momento, o Ministério Público chegue até nós com o resultado das investigações", realçou o ministro do Interior peruano, sobre as investigações abertas pela justiça sobre possíveis abusos na repressão dos protestos que, segundo diferentes fontes, já causaram 70 mortos.

Em 10 de janeiro, a procuradora-geral da República, Patrícia Benavides, determinou a abertura de inquérito preliminar contra a Presidente, Dina Boluarte, o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, e o ministro da Defesa, Jorge Chávez.

Também foram visados Pedro Angulo, na qualidade de ex-presidente do Conselho de Ministros, César Cervantes, como ex-ministro do Interior, bem como o sucessor deste, Víctor Rojas, que ocupou o cargo até 13 de janeiro.

A investigação preliminar é pelos alegados crimes de "genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves, cometidos durante as manifestações nos meses de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho", segundo o Ministério Público.

A justiça peruana também confirmou que está a investigar os militares e polícias que intervieram na repressão às manifestações antigovernamentais de 15 de dezembro em Ayacucho, no sul do país, onde morreram dez pessoas.

Uma investigação do jornal 'online' IDL Reporters sobre a morte de seis destes manifestantes, mostrou que estes morreram por disparos de armas automáticas Galil, que no Peru são usadas apenas por militares.

Sobre a suspensão das exportações desde Espanha, a Presidente peruana sublinhou que "para desenvolver" os povos do Peru, o Governo não precisa de "mais munições ou gás lacrimogéneo", mas de "mais obras para gerar bem-estar".

Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, confirmou que as exportações de material militar e policial para o Peru estavam suspensas devido aos protestos.

"No momento em que começou esta situação de rutura, digamos, de conflito civil, interrompemos qualquer exportação de material militar e policial para o Peru, como sempre fazemos", destacou o ministro à Comissão de Negócios Estrangeiros do Congresso espanhol.

"Apoiamos os direitos em todos os países, não fazemos distinção de direitos humanos" entre alguns países e outros, acrescentou Albares.

As manifestações iniciaram-se em dezembro passado, após uma tentativa fracassada do ex-Presidente Pedro Castillo de dissolver o Congresso, governar por decreto e convocar no imediato eleições para uma assembleia constituinte.

A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam o ex-Presidente Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de abastados empresários.

Os manifestantes exigem a renúncia da Presidente Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, a antecipação as eleições e a convocação de uma assembleia constituinte.

Leia Também: Governo do Peru doa 12 mil euros a familiares de manifestantes mortos

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