"Crianças com toda uma vida pela frente enfrentam agora severas repercussões por simplesmente participarem em protestos pacíficos", disse Chanatip Tatiyakaroonwong, especialista da Amnistia Internacional para a Tailândia.
Alguns ativistas com menos de 18 anos correm o risco de passar "décadas atrás das grades", disse Tatiyakaroonwong.
No auge do movimento em 2020, dezenas de milhares de jovens participaram nos protestos organizados por estudantes, que exigiam a renúncia do atual primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-O-Cha, e uma reforma da poderosa monarquia.
Os protestos foram enfraquecendo devido às restrições sanitárias ligadas à pandemia da covid-19 e também pela repressão judicial contra os seus líderes.
Segundo a AI, cerca de 17 menores foram acusados do crime de lesa-majestade, com penas que podem chegar até aos 15 anos de prisão, uma punição que tem sido utilizada indevidamente para abafar qualquer protesto político.
A maioria dos menores detidos foi enquadrada nas medidas especiais de limitação de aglomerações públicas, inicialmente destinadas a combater a pandemia.
A pessoa mais jovem detida durante os protestos tinha 11 anos, de acordo com a ONG.
Esta organização está preocupada com a violência contra alguns menores durante os protestos e com as técnicas de intimidação utilizadas pela polícia, como a pressão sobre os pais.
"Além da acusação, alguns manifestantes menores de idade também correm o risco de serem rejeitados ou castigados pelos seus próprios pais devido à pressão exercida pelas autoridades", disse Chanatip Tatiyakaroonwong.
O processo judicial carece de transparência, nomeadamente pela ausência de observadores independentes, sublinhou também a AI.
A Tailândia vai ter eleições parlamentares em maio.
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