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Chefe da NATO visita Seul e Tóquio para reforçar relações com aliados

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, vai reunir-se com dirigentes sul-coreanos e japoneses em Seul e Tóquio entre domingo e terça-feira, para reforçar a cooperação com dois aliados numa região considerada importante para a segurança euro-atlântica.

Chefe da NATO visita Seul e Tóquio para reforçar relações com aliados
Notícias ao Minuto

08:53 - 27/01/23 por Lusa

Mundo Jens Stoltenberg

Stoltenberg começa a viagem em Seul, onde se reunirá com os ministros dos Negócios Estrangeiros, Park Jin, e da Defesa Nacional, Lee Jong-sup.

Segue depois para Tóquio para se encontrar com o primeiro-ministro, Fumio Kishida, e outros membros do executivo, segundo o programa da visita divulgado pela NATO (sigla em inglês da Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O Japão é o atual presidente do grupo dos países mais industrializados do mundo, o G7, em que tem como parceiros seis membros da NATO -- Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália e Reino Unido, mais a União Europeia (UE).

Nessa qualidade, Kishida realizou recentemente uma ronda por capitais do G7 que foi considerada positiva na afirmação do Japão como parceiro numa região já de si em tensão devido à China e à Coreia do Norte.

Fonte oficial da NATO disse à Lusa que a Coreia do Sul e o Japão "são dois dos parceiros mais próximos da NATO" e que a deslocação de Stoltenberg permitirá debater o reforço da cooperação.

"O novo Conceito Estratégico da NATO salienta a importância da região Indo-Pacífico para a NATO, dado que os desenvolvimentos nessa região podem afetar diretamente a segurança Euro-Atlântica", disse a mesma fonte.

O documento foi aprovado pelos 30 membros da Aliança na cimeira de Madrid, em julho do ano passado, em que participaram pela primeira vez os quatro parceiros da NATO no Indo-Pacífico: Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

A NATO declarou no documento que "a zona Euro-Atlântica está em perigo" e acusou a Rússia de violar as normais de princípios que permitiam uma "ordem de segurança europeia estável e previsível", ao iniciar a guerra contra a Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado.

No novo Conceito Estratégico, a Rússia de Vladimir Putin passou a ser "a ameaça mais significativa e direta à segurança dos Aliados", depois de ter figurado como "parceira estratégica" no documento de 2010.

Já a República Popular da China (RPC) foi incluída pela primeira vez e a NATO considerou que as "ambições e políticas coercivas" do regime de Xi Jinping "desafiam os interesses, a segurança e os valores" da Aliança.

A NATO disse que a RPC usa o seu poder económico para "criar dependências estratégicas e aumentar a sua influência", embora permanecendo opaca quando à "estratégia, intenções e acumulação militar".

Para a NATO, Xi e Putin mantêm uma "parceria estratégica" para tentar subverter a ordem internacional baseada em regras, o que é contrário aos interesses da Aliança Atlântica.

O analista de política internacional Miguel Monjardino considerou, em declarações à Lusa, que a visita de Stoltenberg é uma demonstração de como a NATO está a tentar adaptar-se ao momento histórico atual.

"Há um ponto de bifurcação no sistema internacional", disse Monjardino, referindo que o modelo que está a ser posto em causa "tendeu a ser altamente favorável" para os aliados ocidentais.

Monjardino ressalvou que momentos de bifurcação ocorrem periodicamente na História, mas são "sempre um sobressalto" e criam "perplexidade e incerteza".

Para o professor universitário, o período histórico que se viveu nos últimos 30-40 anos "está a chegar ao fim" e a guerra contra a Ucrânia resulta de uma "avaliação de riscos e oportunidades" feita pelo Presidente da Rússia.

"Esta guerra não aconteceu por acaso. Do ponto de vista de Vladimir Putin, esta guerra devia servir para acelerar a transição para uma nova configuração do sistema internacional", disse.

Monjardino apontou que a China também pretende uma nova configuração do sistema, que será igualmente o que deseja o chamado "Global South", ou "sul Global", referindo-se a países como a Índia, e os países africanos e sul-americanos.

"Do ponto de vista ideológico, há uma grande convergência de ideias entre Xi Jinping e Vladimir Putin", defendeu.

No momento histórico atual, Monjardino vê a viagem de Stoltenberg à Ásia como a NATO a "dar passos para assegurar o seu poder e influência em termos internacionais".

"O Japão e a Coreia do Sul, potências democráticas, potências industriais, têm um papel importante a desempenhar na nova configuração internacional e daí, como o Conceito Estratégico mostra, a necessidade de fortalecer as relações com estes países asiáticos", argumentou.

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