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Guiné Equatorial. Oposição condena morte de opositor e pede investigação

O secretário-geral do principal partido da oposição da Guiné Equatorial condenou a morte no país, no domingo, do cidadão espanhol Julio Obama Mefuman, opositor do Presidente, Teodoro Obiang, e apelou a uma investigação internacional.

Guiné Equatorial. Oposição condena morte de opositor e pede investigação
Notícias ao Minuto

11:43 - 16/01/23 por Lusa

Mundo Guiné Equatorial

"A morte de Julio Obama na prisão de Oveng Azém foi confirmada. A CPDS condena este facto", disse o presidente da Convergência para a Democracia Social, Andrés Esono, no Twitter, depois de o partido adversário, o Movimento para a Libertação da República da Guiné Equatorial III (MLGE3R), ter relatado a morte no domingo.

"Obama era um cidadão espanhol e o Governo da GE (Guiné Equatorial) deve abrir uma investigação internacional para esclarecer o que aconteceu e permitir que todos os prisioneiros sejam visitados pelas suas famílias", acrescentou o líder da oposição, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais realizadas no país em 20 de novembro.

Numa declaração divulgada no domingo e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe, o MLGE3R relatou a morte de Obama, de 51 anos, na prisão Oveng Azém, na cidade de Mongomo, na fronteira com o Gabão, embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol tenha dito à Efe que o líder da oposição morreu num hospital em Bata, na Guiné Equatorial.

"Julio Obama foi um dos quatro raptados pelo regime de Obiang em 15 de novembro de 2019 em Juba (Sudão do Sul), tendo sido transferido sub-repticiamente para a Guiné Equatorial, trancado em celas subterrâneas e brutalmente torturado", sublinhou o partido da oposição.

A notícia da sua morte foi conhecida uns dias depois de a Audiência Nacional, tribunal que tem jurisdição sobre todo o território espanhol, ter aberto uma investigação contra a cúpula de segurança da Guiné Equatorial, que inclui um dos filhos do Presidente, Carmelo Ovono Obiang, secretário de Estado da Presidência e chefe dos serviços secretos no exterior.

A investigação judicial por alegados crimes de tortura e sequestro de Obama e outro espanhol, Feliciano Efa, envolve ainda o ministro de Estado, Nicolás Obama, e o diretor-geral da Segurança Presidencial, Isaac Ngema.

As primeiras informações policiais indicam que os três seguiam a bordo do avião presidencial que transportou, a partir do Sudão do Sul, Feliciano Efa e Julio Obama para Malabo, a capital da Guiné Equatorial.

Além disso, alegadamente os três altos cargos estiveram presentes e participaram nos atos de tortura a que foram submetidos os dois cidadãos espanhóis e dois nacionais.

De acordo com as mesmas indicações policiais, Obama e Efa foram presos depois de serem condenados por um suposto golpe de Estado, num julgamento sem quaisquer garantias.

"Os nossos serviços consulares estão a fazer tudo o que é possível para tentar reunir mais informação", asseguraram à Efe as mesmas fontes.

Teodoro Obiang Nguema, de 80 anos, governa ditatorialmente a Guiné Equatorial desde 1979, quando derrubou, num golpe, o seu tio Francisco Macias.

Atualmente o chefe de Estado há mais tempo no cargo, à exceção das monarquias, foi reeleito nas eleições de 20 de novembro para um sexto mandato de sete anos, com 94,9% dos votos, segundo os resultados oficiais, que a oposição questionou, denunciando irregularidades na votação.

Desde que se tornou independente de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerada por organizações de direitos humanos um dos países mais corruptos e repressivos do mundo, devido a denúncias de prisões, torturas de dissidentes e repetidas fraudes eleitorais.

A Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

Leia Também: Opositor espanhol morre em hospital da Guiné Equatorial

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