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'Vice' da Guiné Equatorial acusa Espanha de "humilhar" o país

O vice-presidente equato-guineense, Teodoro Nguema Obiang, acusou hoje a Espanha de "interferência", de "humilhar" e "desacreditar" a Guiné Equatorial depois da justiça espanhola abrir uma investigação contra Carmelo Ovono Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang.

'Vice' da Guiné Equatorial acusa Espanha de "humilhar" o país
Notícias ao Minuto

20:30 - 03/01/23 por Lusa

Mundo Guiné Equatorial

Teodoro Nguema Obiang, conhecido como 'Teodorín', é irmão de Ovono Obiang, e a investigação abrange outros dois dirigentes governamentais.

"Recomendo a todos os membros do Governo da Guiné Equatorial que evitem viajar para o Reino de Espanha para não serem humilhados, porque aquele país europeu não quer a prosperidade dos guineenses. Só humilhando o nosso país, cometendo ingerência e desrespeitando a nossa soberania", acusou Teodorín na rede social Twitter.

A Espanha é a antiga potência colonial da Guiné Equatorial.

Noutra mensagem na mesma rede social, 'Teodorín' acusou duramente a Espanha e classificou a investigação como "uma comédia de Cantinflas", em referência ao comediante.

"Reitero que a justiça ocidental é completamente politizada", disse.

O filho mais velho do Presidente Teodoro Obiang acusou ainda Espanha de procurar "desacreditar" a Guiné Equatorial e "distorcer a história".

Em causa está a decisão do juiz da Audiência Nacional Santiago Pedraz em abrir um processo de investigação a Carmelo Ovono Obiang e a dois membros do Governo pelo alegado rapto e tortura de dois cidadãos espanhóis.

Os dois espanhóis integram um movimento de oposição à ditadura equato-guineense.

A abertura do processo data de 31 de outubro, quando Santiago Pedraz, juiz titular do Tribunal Central de Instrução n.º 5 deferiu a tramitação de uma denúncia apresentada pelo Movimento de Libertação da Terceira República da Guiné Equatorial (MLGE3R) contra Carmelo Ovono, secretário de Estado da Segurança Externa da Guiné Equatorial, e Nicolás Obama Nchama, ministro da Segurança Nacional da Guiné Equatorial.

A Audiência Nacional é um tribunal espanhol com sede em Madrid e que tem jurisdição em todo o território espanhol.

Um mês depois, o juiz emitiu um novo despacho em que concorda estender a denúncia inicial e permite que fosse investigada uma terceira pessoa: o diretor-geral de Segurança Presidencial, Issac Nguema.

Na rede social Twitter, Teodorín alega que os detidos, que classificou como "terroristas" foram "detidos pelas autoridades sudanesas e extraditados para a Guiné Equatorial".

A denúncia concentra-se no alegado sequestro e posterior tortura de quatro membros do MLGE3R: Martín Obiang e Bienvenido Ndong, residentes na Espanha, e Feliciano Efa e Julio Obama Mefuman, de nacionalidade espanhola.

Os factos teriam ocorrido numa viagem de Madrid a Juba, capital do Sudão do Sul, onde teriam sido capturados em 15 de novembro de 2019.

Segundo a denúncia, citada pela agência noticiosa Europa Press, os quatro foram "transferidos clandestinamente num avião oficial do regime da Guiné Equatorial, e encarcerados num centro de detenção situado em Oveng Asem, na demarcação de Mongomo, onde continuam até hoje".

"Eles foram torturados e obrigados a pedir perdão ao líder do regime equato-guineense sob pressão em frente às câmaras da televisão pública da Guiné Equatorial", lê-se na denúncia.

No documento, sustenta-se que tanto Ovono Obiang como Obama Nchama estavam no avião oficial utilizado para o sequestro e que dirigiram "algumas das sessões de tortura nas caves do centro penitenciário".

Além disso, salienta-se que estes dois arguidos "residem em Espanha, têm morada estável, podendo também ser encontrados" em território nacional.

O sequestro teria ocorrido, segundo a denúncia, na sequência de um convite de um amigo para os quatro opositores viajarem do Sudão do Sul para a Etiópia, concluindo que se tratava de uma armadilha para os capturar e posterior transferência para a Guiné Equatorial.

Os dois cidadãos espanhóis, Efa Mangue e Obama Mefuman, foram acusados de alegada participação num golpe contra o regime de Teodoro Obiang, pelo qual foram condenados num processo militar a 90 anos e 70 anos de prisão, respetivamente.

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