Na marcha de carnaval por Lula da Silva há alegria, dança e música, mas há também quem se vista de preto com o semblante fechado.
Um grupo de quase 40 pessoas empunham cartazes onde se pede justiça por Marielle Franco, vereadora e ativista de direitos humanos, que foi vítima de homicídio há pouco mais de quatro anos e que alguns ativistas culpam o ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pela sua morte.
Marielle Franco, negra, lésbica, nascida numa favela do Rio de Janeiro e que se destacou pela sua atuação enérgica em defesa das minorias, foi morta a tiros em 14 de março de 2019 juntamente com o motorista, Anderson Gomes, após participar de uma reunião política no centro do Rio de Janeiro.
A sua morte teve ampla repercussão internacional e o caso se tornou um emblema da impunidade para esse tipo de crime no Brasil.
"Marielle sempre foi um símbolo da nossa luta e da luta negra e feminista e a gente quer mais direitos para a nossa gente, quer dignidade", disse à Lusa, na Esplanada dos Ministérios, Luiza Datas Afronta.
"Estamos aqui a pedir justiça porque a gente sabe que ela foi assassinada politicamente, porque estava levantando todos os esquemas de corrupção do Rio de Janeiro"
"Basta de mulheres negras, LGBT negras, serem mortas. Estamos aqui a pedir que Lula que faça investigação e descubra quem matou Marielle", frisou, finalizando: "Nós não vamos sair das ruas, não vamos desistir".
Para já, Lula já deu um pequeno passo: A ativista dos direitos humanos, jornalista, escritora e educadora Anielle Franco, foi nomeada quinta-feira como a futura ministra da Igualdade Racial pelo presidente eleito do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, é a herdeira política da sua irmã.
Anielle Franco, 37 anos, retomou a luta da sua irmã pelos direitos humanos, negros, mulheres, homossexuais e a população das favelas desde a morte de Marielle, que foi morta a tiro em
Anielle, que fundou e dirige o Instituto Marielle Franco para manter vivo o legado da sua irmã, principalmente na defesa dos direitos humanos, já tinha trabalhado na luta pela igualdade racial como membro da equipa de transição que Lula.
Mas não é só o nome de Marielle que apoiantes de Lula pedem para não ser esquecido.
"Queremos que Bolsonaro seja responsabilizado pela morte de dom Phillips e Bruno Pereira", disse à Lusa Ricardo Basto, que veio do estado do Amapá até Brasília, para festejar a vinda do novo Presidente mas também para pedir que estes nomes não sejam esquecidos.
O jornalista britânico do The Guardian, Dom Phillips, 57 anos, e o ativista indígena brasileiro Bruno Pereira, 41 anos, foram mortos em 05 de junho a bordo da embarcação em que seguiam no rio Itaquai, junto ao território indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru e a Colômbia.
O duplo homicídio brutal chocou o país e foi amplamente condenado por organizações internacionais, associações ambientais e de direitos humanos.
O caso expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente no Vale do Javari, uma das regiões com o maior número de grupos de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça furtiva convivem com as redes de narcotráfico.
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