Em comunicado, o diplomata português apelou à calma e exortou todos os atores políticos e sociais para que "exerçam a máxima contenção".
Além disso, o responsável da ONU enfatizou "a importância de respeitar o Estado de direito e garantir o devido processo e a transparência nos processos judiciais".
O governador de Santa Cruz e líder da oposição, Luis Fernando Camacho, foi transferido para uma prisão para cumprir quatro meses de prisão preventiva por um caso sobre a crise política de 2019.
A transferência de Camacho ocorreu após uma audiência virtual em que um juiz da jurisdição de La Paz determinou quatro meses de prisão contra o governador, no âmbito do processo por terrorismo no caso denominado "golpe de Estado I".
Por sua vez, as instituições cívicas de Santa Cruz estão a realizar esta sexta-feira uma greve de 24 horas, ou uma greve geral, para pressionar as autoridades nacionais e determinarem a libertação e Camacho.
A detenção do líder da oposição provocou ainda vários protestos no departamento de Santa Cruz e confrontos entre os seus apoiantes e a polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo.
Como resultado, várias instituições estatais foram afetadas, principalmente a Procuradoria e o Palácio da Justiça, além de terem sido instalados vários bloqueios de estrada, onde se pede a libertação do político.
Luis Fernando Camacho é o líder da aliança de oposição Creemos (Acreditamos, em português).
O papel de Camacho como líder da oposição cimentou-se em novembro, quando liderou a greve convocada para exigir ao governo, de esquerda, do presidente Luís Arce, que antecipe um ano o censo populacional previsto para 2024.
Em julho, o governo da Bolívia adiou a realização do censo, para entre maio e junho de 2024, sob argumentos da "qualidade" dos dados e a necessidade de "despolitizar" o processo.
Santa Cruz acredita estar a ser prejudicada por um censo populacional (usado para recalcular a repartição de lugares no Congresso e de recursos públicos) desatualizado, com mais de 10 anos.
Luis Fernando Camacho liderou também os protestos de 2019 que forçaram o então presidente Evo Morales a deixar o poder, após eleições que a Organização dos Estados Americanos disse terem sido marcadas por fraude. Morales tentava a quarta reeleição consecutiva.
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