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2022. Invasão russa da Ucrânia, guerra contra civis e ameaças nucleares

A guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro pela Rússia, sagrou-se incontornavelmente como o acontecimento internacional de 2022, colocando a Europa em pleno século XXI perante uma invasão de um país soberano e independente.

2022. Invasão russa da Ucrânia, guerra contra civis e ameaças nucleares
Notícias ao Minuto

15:05 - 20/12/22 por Lusa

Mundo 2022

O Presidente russo, Vladimir Putin, foi durante meses concentrando centenas de milhares de tropas ao longo da fronteira russa - e também na bielorrussa - com a Ucrânia, sempre negando qualquer intenção de a atravessar e afirmando repetidas vezes tratar-se apenas de manobras militares previamente agendadas.

Depois, no dia 24 de fevereiro, começou a ofensiva militar russa em três frentes - sendo a terceira o leste separatista pró-russo da Ucrânia, onde decorriam combates desde 2014, ano em que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia-, por necessidade de "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho para segurança da Rússia, sobretudo por temer uma aproximação de Kiev à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) e à União Europeia.

Quase dez meses volvidos, esta guerra desencadeou na Europa não só a mais grave crise de segurança desde a Guerra Fria, com ameaças por Putin de uso de armas nucleares -- e nem sempre veladas -, como, segundo a ONU, a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945): dos 44 milhões de habitantes da Ucrânia, há mais de 14 milhões em fuga e um número de mortos civis e militares crescente e por contabilizar.

Segundo o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, neste momento em que se aproxima o inverno e a Rússia intensificou os bombardeamentos de infraestruturas de produção de energia para que milhões sucumbam ao frio e o país se renda, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

Depois de anexar a Crimeia, que considerava historicamente parte do território russo (tinha sido cedida à Ucrânia em 1954 pelo então dirigente soviético, Nikita Khrushchev), Putin, cuja ofensiva está a ser muito mais longa, desgastante e dispendiosa do que previa, já declarou, contudo, anexadas mais quatro regiões do território ucraniano -- Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia (onde se situa a maior central nuclear da Europa, há meses sob controlo russo e alvo de diversos bombardeamentos que fizeram temer um desastre nuclear pior que o de Chernobyl, em 1986) - e fez saber que só haverá negociações de paz caso tais territórios sejam internacionalmente reconhecidos como russos.

Da invasão resultou também a imposição a Moscovo de sanções económicas e a necessidade europeia de encontrar alternativas ao petróleo e gás russo, prevendo-se uma aposta sem precedentes nas energias renováveis.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem repetindo pedidos de ajuda aos países ocidentais para poder continuar a repelir as forças russas que, após um período de recuo e retirada de tropas de algumas zonas do país, voltaram a bombardear em força várias cidades, entre as quais a capital, Kiev.

Até agora, grande parte da comunidade internacional condenou a iniciativa de Putin de invadir um país independente e visar alvos civis -- havendo já mais de 400 casos de crimes de guerra identificados pela ONU e mais de 48.000 investigações em curso -, aprovando vários pacotes de ajuda à Ucrânia, enviando-lhe armamento e equipamento militar e impondo à Rússia sanções económicas.

Quanto à ajuda militar, os Estados Unidos já prometeram à Ucrânia o envio de mísseis Patriot em 2023 e há militares ucranianos a receber treino para o seu manejamento.

Putin reagiu, afirmando que, se os Patriot forem disponibilizados, "haverá consequências", depois de já ter garantido que a Rússia poderia usar armas atómicas se fosse atacada primeiro.

Segundo alguns analistas políticos, a Terceira Guerra Mundial já começou, embora de forma fragmentada, numa nova modalidade que não incluiu, até agora, declarações de guerra formais, ainda que os blocos antagónicos estejam há muito formados.

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