"As duas visitas foram muito positivas, com ambos os países comprometidos em apoiar Timor-Leste", disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli, no regresso de uma visita de Estado a Singapura e de uma visita de trabalho à Malásia.

O chefe de Estado timorense disse que Singapura mostrou-se "muito comprometida e determinada em apoiar Timor-Leste", tendo apresentado um plano "muito detalhado que responde às necessidades de Timor-Leste e reflete o interesse com que Singapura acompanha a evolução" do país.

"Sabem exatamente o que Timor-Leste precisa e ao nível dos detalhes, como por exemplo formar recursos humanos até para a especialidade de registo de notas em reuniões", referiu.

"Apresentaram um programa que é muito prático e estão dispostos a apoiar até 800 pessoas a vários níveis, incluindo formações em Singapura e alguns programas em Timor-Leste para poder abranger mais pessoas", disse.

"Trata-se de um programa com benefícios alargados, porque a adesão à ASEAN é algo multissetorial e a formação é multissetorial, não apenas de diplomatas, mas de gente a nível da administração em geral", frisou.

O Ministério de Negócios Estrangeiros timorense referiu, num comunicado divulgado esta semana, alguns aspetos do pacote de apoio, identificado como "Singapore-Timor-Leste ASEAN Readiness Package" (STARTS).

A iniciativa foca-se em cursos teóricos e práticos "para equipar funcionários de Timor-Leste com as qualificações para participarem de forma eficaz nas reuniões da ASEAN", além do "reforço das capacidades educativos para apoiar o desenvolvimento do sistema educativo timorense".

Haverá cursos, em Singapura e em Timor-Leste, para abranger aspetos como "comunicação em inglês", a língua oficial da ASEAN, preparação de relatórios e registo de notas em reuniões e até negociações.

Será ainda conduzido um programa de formação vocacional, de até 100 formadores, nas áreas de administração escolar e desenvolvimento curricular.

Ramos-Horta antecipou que o programa possa começar já em janeiro ou fevereiro de 2023, explicando que eventualmente poderá contar ainda com uma parceria adicional com o Governo britânico.

Além dos contactos com o Governo, Ramos-Horta destacou ainda a elevada participação de uma centena de investidores e empresários num fórum empresarial, com muitos a manifestar interesse em explorar oportunidades de investimento em Timor-Leste.

No caso da visita à Malásia, Ramos-Horta disse ter surgido de forma imprevista e na sequência de uma conversa telefónica com o primeiro-ministro, Anwar Ibrahim.

"Falei com ele ao telefone e insistiu para eu ir. Passamos todo o dia com ele e com membros do Governo e com o rei, e com diálogos muito substanciais. Há muito interesse de apoio da Malásia e muitos investidores interessados em vir cá, para analisar oportunidades de investimento", referiu Ramos-Horta.

O chefe de Estado considerou que este tipo de visitas são importantes para procurar cimentar a imagem de Timor-Leste e para procurar trazer investimentos para o país.

"É uma operação de charme, de marketing e com enorme sucesso", disse.