As autoridades da região de Kherson, anexada pelas forças russas, instauraram um recolher obrigatório de 24 horas, segundo avança a Sky News.
O vice-chefe do governo local indicado pela Rússia, Kirill Stremousov, justificou que o recolher se destinava a "proteger a cidade" dos "ataques terroristas", reiterando que os cidadãos devem abandonar a cidade, à semelhança daquilo que foi dito pelo presidente russo, Vladimir Putin, esta sexta-feira.
Em causa está um anúncio que foi feito numa altura em que as forças pró-russas esperam uma alegada contraofensiva ucraniana de larga escala sobre a cidade. No mesmo, Kirill Stremousov referiu que tinham sido avistadas colunas de veículos ucranianos em zonas da linha da frente de combate e que era possível a ocorrência de um ataque.
Este recolher obrigatório de 24 horas surge numa altura em que existem já especulações de que comandantes russos podem estar a considerar abandonar a cidade de Kherson, a norte da Crimeia.
Aliás, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, disse esta sexta-feira acreditar que a Rússia podia mesmo vir a retirar as suas forças militares de certas partes da região de Kherson, tal como está a reportar o The Kyiv Independent.
Contudo, o governante de Kyiv advertiu que os alegados "gestos de boa vontade" da Rússia devem ser interpretados com cautela, referindo-se, nomeadamente, à retirada dos seus soldados da Ilha das Serpentes e da região de Kyiv, numa fase mais inicial do conflito.
Recorde-se que a Rússia declarou a anexação de Kherson e de outras três regiões (Zaporíjia, Donetsk e Lugansk) no mês de setembro, sendo esta a maior cidade ucraniana atualmente sob comando russo.
No entanto, as forças ucranianas têm já vindo a levar a cabo, nas últimas semanas, uma contraofensiva, com vista a recuperar o controlo da cidade - que apresenta uma enorme importância estratégica tanto para a Rússia, como para a Ucrânia.
Caso Moscovo não seja capaz de contrariar as intenções ucranianas, tal será mais um grande golpe para o Kremlin no decurso desta guerra.
A invasão russa sobre a Ucrânia alarmou, especialmente, os países localizados no flanco oriental da NATO, que se têm demonstrado altamente defensores de um maior apoio militar e financeiro ao país invadido.
Este conflito causou já mais de 6.300 mortos entre os civis, entre os quais 379 são crianças. Contabilizam-se ainda 14 milhões de deslocados e refugiados, segundo os cálculos da ONU (Organização das Nações Unidas).
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