Marcados novos protestos para assinalar 40 dias da morte de Mahsa Amini

Ativistas convocaram para esta quarta-feira novos protestos no Irão, para assinalar os 40 dias desde a morte da curda iraniana Mahsa Amini, após a sua detenção pela polícia da moralidade, uma data de luto muito respeitada pelos iranianos.

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Lusa
25/10/2022 21:29 ‧ 25/10/2022 por Lusa

Mundo

Mahsa Amini

 

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"Os jovens dos bairros de Teerão convocam para protestar após 40 dias da morte de Mahsa Amini, honrando o lema de 'Mulher, vida, liberdade'", afirmou um grupo de ativistas nas redes sociais.

"Convocamos todos para se manifestarem nos bairros das universidades e das lojas, a partir das 11:00 [08:30 de Lisboa]", acrescentou.

Na cultura xiita do Irão, o ritual de celebração do falecido 40 dias após sua morte, data que encerra o luto da família, é de grande importância.

Amini morreu em 16 de setembro, após ter sido detida três dias antes pela polícia da moralidade por usar o véu islâmico de forma incorreta.

Desde então têm-se realizado fortes manifestações por todo o país, que estão a ser alvo de forte repressão pelas forças de segurança.

O funeral da jovem, realizado um dia depois, contou com a presença de centenas de pessoas e muitas mulheres retiraram os véus na sua cidade natal de Saqez, no Curdistão iraniano, num dia que terminou com protestos reprimidos pelas forças de segurança.

Ativistas denunciaram que as autoridades pediram à família que não comemorasse a data dos 40 dias após a morte, para evitar novos protestos.

Mas a convocatória para os protestos ocorre enquanto se realizam várias manifestações em universidades do país, que se tornaram o centro das mobilizações.

Na Universidade de Qom, uma cidade sagrada perto de Teerão, o porta-voz do governo Ali Bahadori Jahromi foi recebido com gritos de "liberdade, liberdade" por alunos vestidos de xador, uma vestimenta preta que cobre todo o corpo, exceto o rosto.

"Não queremos assassinos como convidados", gritaram também os estudantes, segundo vídeos não verificados compartilhados por ativistas nas redes sociais.

Por sua vez, os estudantes da prestigiada Universidade Sharif de Teerão desafiaram mais um dia as normas de segregação por sexo e rapazes e raparigas voltaram a comer juntos nos espaços públicos das instalações, uma prática que começou esta segunda-feira.

Os protestos são liderados principalmente por jovens e mulheres, que lançam slogans contra o governo e queimam véus, um dos símbolos da República Islâmica e algo impensável há pouco tempo.

As universidades tornaram-se um dos principais pontos de protestos, que já causaram pelo menos 108 mortes, segundo a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo.

O procurador da província do Curdistão, Hosein Hoseiní, anunciou que 110 pessoas foram indiciadas por acusações como "intenção de agir contra a segurança do país", "propaganda contra o sistema" e "perturbação da ordem pública" pela sua participação no protestos.

Por sua vez, o procurador da província de Qazvin, Hosein Rayabí, informou que 55 detidos nas mobilizações foram levados à justiça.

Estes juntam-se aos 3150 de Teerão que enfrentam acusações semelhantes e aos 201 da província de Alborz, que foram libertados na segunda-feira.

As autoridades iranianas não informaram o número total de detidos ou mortos no país, mas a Iran Human Rights estima o número de mortos em 108 e os detidos em 12.500.

A indignação no Irão pela morte de Mahsa Amini provocou a maior onda de protestos contra o Governo desde 2019 contra o aumento dos preços da gasolina, num país rico em petróleo.

Leia Também: Algumas das mais de 300 pessoas acusadas em Teerão arriscam pena de morte

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