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Médicos manifestam-se e decretaram três dias de paralisação na RDCongo

Várias centenas de médicos manifestaram-se hoje, em Beni, leste da República Democrática do Congo, e decretaram "três dias de hospital sem médicos", após um novo ataque mortal dos rebeldes a instalações de saúde na semana passada.

Médicos manifestam-se e decretaram três dias de paralisação na RDCongo
Notícias ao Minuto

13:33 - 24/10/22 por Lusa

Mundo Congo

Uma médica freira, Sylvie Kavuke, foi uma das sete vítimas mortais no ataque, atribuído aos rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), no centro de saúde da cidade de Maboya e num hospital próximo.

"Os médicos estão indignados" e "exigimos a reconstrução dos hospitais queimados", são algumas das frases que podem ler-se nas faixas transportadas pelos manifestantes, que marcharam até à Câmara Municipal, onde foi lido um memorando.

No texto recordam que antes do ataque a Maboya, na quarta-feira à noite, a comunidade médica no território do Beni, na província do Kivu do Norte, sofreu nos últimos anos numerosos "roubos e incêndios", bem como "raptos de médicos".

O Kivu do Norte é uma das províncias do leste da RDCongo que tem sido flagelada pela violência de grupos armados há quase 30 anos. O território do Beni está no centro da zona de ação do grupo ADF, apresentado pelo movimento terrorista Estado islâmico como a sua filial na África Central.

"Os hospitais não podem, de forma alguma, ser um alvo e o pessoal de enfermagem e os pacientes devem ser protegidos em todas as circunstâncias", disse Denis Mukwege, ginecologista do Kivu do Sul e vencedor do Prémio Nobel da Paz, em 2018, pelo seu trabalho em prol das mulheres vítimas de violação, numa declaração.

"Estes crimes hediondos não podem ficar impunes", acrescentou. Para Mukwege, "a justiça é um imperativo para evitar a repetição das atrocidades em massa que mergulharam cada família congolesa em luto durante mais de um quarto de século".

Os manifestantes afirmam que os profissionais de saúde se tornaram um "alvo", pelo que exigem "a segurança de todas as estruturas de saúde", bem como a autorização do porte de armas nas "zonas vermelhas" para o pessoal de serviço, que consideram como "um prémio de risco". 

"Exigimos que seja feita justiça", disse Godefroid Mbeho, presidente do sindicato dos médicos do Beni, que acrescentou que os "três dias sem médicos no hospital" decretados pelos manifestantes têm como objetivo alertar "as autoridades competentes".

Desde 1998, o leste da RDCongo está envolvido num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença da missão de paz da ONU (MONUSCO), que tem mais de 14.000 soldados destacados.

A ausência de alternativas e meios de subsistência estáveis levou milhares de pessoas a pegar em armas e, de acordo com o Barómetro de Segurança do Kivu (KST, na sigla em inglês), a região é campo de batalha de, pelo menos, 122 grupos rebeldes.

Leia Também: ONU estima que existem pelo menos 23 mil deslocados na RDCongo

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