A região de Santa Cruz, o motor económico da Bolívia e a mais populosa, esteve hoje paralisada por uma greve, convocada para exigir ao Governo, de esquerda, do presidente Arce, que antecipe um ano o censo populacional previsto para 2024.
Santa Cruz acredita estar a ser prejudicada por um censo populacional (usado para recalcular a repartição de lugares no Congresso e de recursos públicos) desatualizado, com mais de 10 anos.
A ministra da Presidência, Maria Nela Prada, citada pela agência Efe, falou num "diálogo aberto, transparente, honesto, que se espeta construtivo para todos". Além disso, acrescentou que a reunião será transmitida por meios de comunicação social, tal como tinha sido acordado.
Na reunião participam, além da ministra da Presidência, o porta-voz presidencial Jorge Richter, representares do Comité Interinstitucional, o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, o diretor da Universidade Gabriel René Moreno, Vicente Cuéllar, e pessoal do Instituto Nacional de Estatística, entre outros.
Nas primeiras horas de greve, um homem morreu em confrontos em Puerto Quijarro, cidade na fronteira com o Brasil.
O Governo boliviano propõe que o censo populacional e habitacional seja realizado em abril de 2024, e que os resultados preliminares sejam entregues no prazo de seis meses, para que os recursos possam ser distribuídos com base nesses resultados no mesmo ano.
O Comité Interinstitucional defende que o censo seja realizado em junho de 2023, uma vez que o levantamento deveria realizar-se inicialmente em novembro deste ano.
Em julho, o Governo da Bolívia adiou a realização do censo, para entre maio e junho de 2024, sob argumentos da "qualidade" dos dados e a necessidade de "despolitizar" o processo.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia (UE) apelaram hoje a um diálogo "franco e respeitoso" em Santa Cruz, e lamentaram a morte de uma pessoa nos confrontos em Puerto Quijarro.
A ONU, através de um comunicado, considerou que no meio de um "contexto de polarização" no país quanto à data de realização do censo, deve prevalecer a importância do diálogo entre as duas partes.
A UE faz um apelo a que se "retome o diálogo, em respeito mutuo, para encontrar soluções pacíficas".
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