Qualquer confronto direto entre as tropas da NATO e da Rússia levaria a uma "catástrofe global", considerou, esta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, numa conferência em Astana, a capital do Cazaquistão. "Espero que sejam espertos o suficiente para não tomar esse passo", acrescentou.
Recorde-se que, esta quinta-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, advertiu que um potencial ataque nuclear da Rússia à Ucrânia desencadearia uma "resposta militar" ocidental tão "poderosa" que "aniquilaria" o exército russo.
Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou, também ontem, que a aliança transatlântica irá acompanhar o próximo exercício nuclear da Rússia e garantiu que não se deixará "intimidar" pelas ameaças russas.
"Não seremos intimidados", sublinhou o responsável aos jornalistas, após uma reunião com os ministros da Defesa da aliança, em Bruxelas. "A retórica nuclear da Rússia é perigosa, imprudente, e eles [Rússia] sabem que se utilizarem armas nucleares contra a Ucrânia, isso terá consequências graves".
Putin arrependido? "Não"
Já questionado sobre se tinha qualquer arrependimento das ações levadas a cabo pela Rússia na Ucrânia, Putin foi taxativo e respondeu com um simples "não", vincando que o objetivo não é destruir o país, cita a Reuters.
O chefe de Estado russo ameaçou ainda fechar os corredores humanitários - que estão servir para retirar civis - caso estes sejam usados para "atos de terror".
"Não há necessidade" de encontro com Biden
Na mesma declaração, Vladimir Putin assinalou que "não vê necessidade" de se encontrar com Joe Biden. "Devemos perguntar-lhe se está preparado, ou não, para manter essas negociações comigo", acrescentou ainda numa referência ao presidente dos Estados Unidos, que, em 6 de outubro, afirmou não excluir um possível encontro com Putin no decurso da cimeira do G20 em Bali, na Indonésia.
O presidente da Federação Russa vincou também que não tomou ainda a decisão sobre se marcará presença nessa reunião do G20, no próximo mês, avança a Reuters.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que cerca de seis mil civis morreram e nove mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 14h52]
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