Um dia após ter sido convocado, mas não ter sido ouvido, Rached Ghannouchi, de 81 anos, chegou ao final da tarde àquela unidade, em frente à qual se juntaram dezenas de apoiantes, segundo relata a agência France-Presse, presente no local.
Ghannouchi, que liderava o Parlamento dissolvido em julho pelo presidente Kais Saied, em julho de 2021, esperou na segunda-feira durante 12 horas sem ser ouvido, nas instalações daquela unidade policial, segundo o seu movimento que afirmou tratar-se de "uma forma de tortura".
Após a queda da ditadura de Zine el Abidine Ben Ali, milhares de tunisinos juntaram-se às fileiras de organizações jihadistas, incluindo o autoproclamado Estado Islâmico, no Iraque, na Síria e na Líbia.
O partido Ennahdha, pilar de sucessivos governos desde 2011, é acusado pelos seus detratores e por uma parte da classe política de ter facilitado a partida desses jihadistas para as zonas de conflito, uma acusação que nega categoricamente.
O caso da "expedição jihadista", que esteve no centro do debate político nos últimos anos, ressurgiu nas últimas na Tunísia.
Outro líder do Ennahdha, o ex-primeiro-ministro Ali Laarayedh, foi interrogado na segunda-feira pelo mesmo caso e ficou detido para ser presente a um juiz na quarta-feira, no polo judicial antiterrorista.
Ghannouchi já tinha sido interrogado em julho no âmbito de uma investigação por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, relacionadas com transferências do exterior para uma organização de beneficência ligada ao Ennahdha.
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