Perante uma multidão em silêncio, o sino da abadia onde Isabel II foi coroada em 1953 começou a tocar às 12:00, como estava previsto, e continuou, uma badalada por minuto, até completar os 96 anos de vida da Rainha.
A chuva que caía parou minutos antes da hora marcada para a homenagem e permitiu que os guarda-chuvas dessem lugar a dezenas de telemóveis voltados para o alto, para registar o momento.
Numa varanda junto à abadia, três mulheres vestidas de negro olhavam a multidão.
Em frente ao portão, cada um com o seu ramo de gerberas, Jake, James e Sam, três jovens ingleses residentes em Londres, aguardavam o tocar dos sinos para seguirem depois para o Palácio de Buckingham, onde planeavam deixar a sua homenagem a uma mulher que representa "uma inspiração para muitos, mesmo para os jovens".
"Durante 70 anos conheceu e influenciou algumas das pessoas mais influentes do mundo. É um símbolo para o país e o mundo", disse Jake Roberts, 26 anos.
Following the death of Queen Elizabeth II, the Abbey’s tenor bell is tolling once every minute for the next hour.
— Westminster Abbey (@wabbey) September 9, 2022
The tenor bell is the largest of the Abbey’s ten bells and is traditionally tolled upon the death of a member of the Royal Family. pic.twitter.com/utc9t7uICh
Para a neozelandesa Louise, 40 anos, que vive e trabalha em Londres há dois anos, "a cidade, o país e a Commonwealth estão de luto, em respeito por uma mulher admirável que dedicou a sua mulher a servir, até aos últimos dias".
"Toda a minha vida ela esteve lá, como uma presença tranquilizadora. [A morte da Rainha] será uma mudança significativa, para uma nova era", disse a mulher, que nasceu num dos 15 países que até quinta-feira tinham Isabel II como chefe de Estado.
Perante a incerteza com o que se segue à sua morte, Louise vestiu-se de negro e decidiu que todos os dias do luto oficial fará algo em homenagem à Rainha, após hoje ter estado na Abadia de Westminster a ouvir o sino tocar.
Também vestidas de negro, as brasileiras Rebeca Resende e Gláucia Varela, fotógrafa e investigadora residentes em Londres, planeiam seguir de perto os vários momentos de homenagem do dia -- sinos em Westminster, tiros de canhão na Torre de Londres.
"Estamos de luto porque a admiração pela Rainha é muito grande. (...) É uma figura forte, disciplinada, que dedicou a vida à Grã-Bretanha. Merece o nosso respeito, merece que as pessoas sintam o impacto", disse Rebeca.
Surpreendidos pela morte da Rainha quando se preparavam para partir da Carolina do Norte para uma viagem de duas semanas no Reino Unido, os norte-americanos Nancy e Hall Wilson estavam comovidos com o "ambiente sombrio" que encontraram na usualmente vibrante capital britânica.
Embora lamentando a morte da monarca, os dois sexagenários admitiram sentir-se a viver um momento histórico.
"É o primeiro dia em 70 anos que a Rainha não está presente. Não estou feliz por ter acontecido, mas é certamente uma boa história", disse Hall.
A Rainha Isabel II morreu na quinta-feira aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.
Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.
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