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Suspeito de tentar matar vice-Presidente argentina nega-se a depor

O suspeito de tentar assassinar Cristina Kirchner negou-se a depor perante a Justiça, que procura avançar em cinco linhas principais de investigação, incluindo a passividade dos seguranças responsáveis pela proteção da vice-Presidente, informou o Ministério Público.

Suspeito de tentar matar vice-Presidente argentina nega-se a depor
Notícias ao Minuto

01:44 - 03/09/22 por Lusa

Mundo Cristina Kirchner

Para garantir a segurança do detido, a juíza Eugenia Capuchetti e o procurador Carlos Rívolo deslocaram-se até à dependência policial em vez de conduzirem o acusado até o tribunal. No entanto, este negou-se a depor no processo em que é investigado por tentativa de homicídio.

A juíza e o procurador decidiram interrogá-lo depois dos testes psicológicos indicarem que o homem estava em condições de depor, evitando que a defesa alegasse alguma irregularidade na obtenção de provas.

Paralelamente, a Polícia Científica continua com as perícias na pistola Bersa calibre 380 para determinar o motivo pelo qual a arma não disparou, apesar de o gatilho ter sido acionado duas vezes. Segundo a Polícia Federal, a arma estava apta para disparar e os projéteis eram reais.

A pistola teria sido roubada de um amigo do atacante, já que o suspeito não aparece nos registos da Agência Nacional de Materiais Controlados.

São cinco as principais linhas da investigação judicial sobre o frustrado atentado contra a vice-Presidente e ex-Presidente Cristina Kirchner: Por que razão a arma não disparou apesar de o gatilho ter sido acionado?; o agressor agiu sozinho ou tinha conexões locais ou internacionais?; o atacante goza plenamente das suas faculdades mentais?; a arma e o calibre eram adequados para um atentado?; e por que motivo os seguranças responsáveis pela proteção de Cristina Kirchner não agiram conforme o protocolo numa aparente natitude negligente?.

A pistola tinha cinco projéteis no carregador, mas nenhum na câmara antes do disparo. Esse movimento manual de engatilhar é crucial para o tiro depois de municiar a arma. É um passo básico que qualquer atirador conhece.

A Polícia está a monitorizar as câmaras de segurança da área do ataque e o telemóvel do atacante para saber se agiu sozinho, se havia acompanhantes durante o atentado e se o acusado tem conexões dentro ou fora da Argentina.

No seu apartamento, foram encontradas duas caixas com 50 projéteis de nove milímetros cada, mas a compra das munições não está registada porque o usuário não tem permissão para o uso de armas.

A Justiça também investiga possíveis vínculos com organizações que promovem discursos de ódio e discriminação pelas redes sociais.

A perícia indicou que o acusado tem noção do tempo e do espaço, mas no seu apartamento foi encontrado um certificado de deficiência que, por enquanto, parece ser falso. Especialistas analisam as suas publicações nas redes sociais e a sua forma de se relacionar socialmente.

A arma usada no atentado é pequena e leve, com um calibre menos potente, requerendo um disparo à queima-roupa para ser letal.

Uma das principais incógnitas sobre a noite do atentado é o comportamento dos agentes de segurança, responsáveis pela proteção da vice-Presidente. Não seguiram os procedimentos para evitar que alguém armado se aproximasse da vítima e não agiram conforme o protocolo de segurança em casos de atentado.

Pelas imagens, é possível ver como o homem estica o braço esquerdo e deixa a pistola a poucos centímetros do rosto de Cristina Kirchner. São os militantes os que o cercam e imobilizam o atacante, conduzindo-o à força às forças de segurança.

Os seguranças, agentes da Política Federal, não retiraram Cristina Kirchner da cena do frustrado crime. Pelo contrário, a vice-Presidente continua a dar autógrafos, a tirar 'selfies' e a saudar os apoiantes por mais cinco minutos e 45 segundos depois do ataque, como se nada tivesse acontecido.

Nesta sexta-feira, mesmo depois do ataque na noite anterior, Cristina Kirchner saiu do seu apartamento e voltou a aproximar-se dos apoiantes que a aguardavam, numa nova atitude imprudente por parte da vice-Presidente e negligente por parte da segurança.

O brasileiro, de 35 anos, filho de mãe argentina e de pai chileno, radicado em Buenos Aires desde a infância, vivia num espaço de 15 metros quadrados nos fundos do terreno de uma casa.

Além dos 100 projéteis, a Polícia encontrou lixo espalhado e elementos de 'fetichismo' sexual como roupa interior feminina, vibradores e um chicote de couro.

Três tatuagens pelo corpo do brasileiro remetem para símbolos neonazis, como o "sol preto" no cotovelo direito, numa referência a uma ramificação do partido nazi alemão de Adolf Hitler.

A mãe faleceu em 2017 enquanto o pai vive em Valparaíso, no Chile. A mãe foi presa por vários delitos cometidos no Brasil. Tanto a mãe quanto o pai foram expulsos do Brasil em 1998. A última vez que Fernando esteve no Brasil foi em 2018.

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