"Tenho o prazer de anunciar que selecionámos oficialmente uma arquitetura para este sistema de última geração", disse Donald Trump aos jornalistas na Sala Oval da Casa Branca.
O presidente norte-americano acrescentou que o Canadá vai juntar-se ao projeto, que estará operacional no final do seu mandato, em 2029, e custará um total de "aproximadamente 175 mil milhões de dólares (155 mil milhões de euros) quando estiver concluído".
Segundo Trump, o sistema terá capacidade de intercetar mísseis "mesmo que sejam lançados do Espaço".
O presidente norte-americano também anunciou que o general Michael Guetlein, vice-chefe de operações espaciais, será responsável por supervisionar o progresso do sistema.
A 'Cúpula Dourada' é inspirada no sistema de defesa antimíssil israelita 'Cúpula de Ferro', daí derivando o nome adotado por Trump.
A 'Cúpula de Ferro' intercetou milhares de foguetes e 'drones' desde a sua entrada em funcionamento em 2011, tendo uma taxa de interceção de cerca de 90%, de acordo com a empresa militar israelita Rafael, envolvida na sua conceção.
Israel começou por desenvolver o sistema após a guerra do Líbano de 2006, e mais tarde os Estados Unidos envolveram-se no projeto, contribuindo com tecnologia e milhares de milhões de dólares de apoio financeiro.
Trump já tinha mencionado este projeto de escudo antimíssil durante a sua campanha, apesar de não ser consensual entre os especialistas, alguns dos quais apontam que estes sistemas foram inicialmente concebidos para responder a ataques de curto e médio alcance e não para intercetar mísseis de alcance intercontinental que poderiam atingir os Estados Unidos.
Trump assinou no final de janeiro uma ordem executiva para desenvolver uma 'Cúpula de Ferro Americana', que a Casa Branca descreveu como um escudo de defesa antimíssil para proteger todo o território norte-americano.
Na altura, a Rússia e a China criticaram o anúncio, tendo Moscovo considerado que se tratava de um plano "comparável à Guerra das Estrelas", apoiado por Ronald Reagan durante a Guerra Fria.
Os EUA já dispõem de muitas capacidades de defesa antimíssil, como as baterias de mísseis Patriot que forneceram à Ucrânia, bem como uma série de satélites em órbita para detetar lançamentos de mísseis.
Alguns desses sistemas existentes serão incorporados na 'Cúpula Dourada'.
A China e a Rússia colocaram armas ofensivas no espaço, tais como satélites com capacidade para desativar satélites americanos críticos, o que pode tornar os EUA vulneráveis a ataques.
O Pentágono tem alertado nos últimos anos que os mais recentes mísseis desenvolvidos pela China e pela Rússia são tão avançados que é necessário atualizar as defesas.
A 'Cúpula Dourada' deverá incluir capacidades terrestres e espaciais capazes de detetar e intercetar os mísseis nas quatro fases principais de um potencial ataque: detetar e destruir os mísseis antes do lançamento, interceptá-los na fase inicial do voo, a meio do percurso no ar ou nos últimos minutos enquanto descem em direção a um alvo.
Os satélites e intercetores acrescentados ao sistema seriam destinados a destruir esses mísseis avançados no início ou a meio do seu voo.
O secretário da Força Aérea, Troy Meink, disse hoje numa audição no Senado que ainda não há verba para o projeto 'Cúpula Dourada', e que o programa em geral "ainda está na fase concetual".
O presidente escolheu o conceito que queria, mas o Pentágono ainda está a desenvolver os requisitos que o sistema terá de cumprir - o que se afasta da forma como os novos sistemas são normalmente desenvolvidos, de acordo com a agência AP.
[Notícia atualizada às 22h33]
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