O anúncio foi feito pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, na Escola Nacional de Procuradores de Caracas,indicando que a jornalista terá dito durante um programa televisivo de Miami: "os EUA usam um 'drone' e desaparece o segundo no comando de Al Qaeda e nas redes sociais todos se perguntam porque não fazem o mesmo com Nicolás Maduro".
Segundo Tarek William Saab, durante o programa a jornalista insistiu que o Presidente da Venezuela "deve ser tido como uma ameaça" em resposta à afirmação de um entrevistado que terá dito que "os EUA não consideram a Venezuela uma ameaça direta à sua segurança, como é a organização terrorista Al Qaeda".
"Esta senhora inventa a desculpa das redes sociais para dizer o que quer. Este é um país que quer paz, tranquilidade e prosperidade", sublinhou o procurador-geral, precisando que em janeiro de 2020 foi iniciada uma investigação contra a jornalista "por situações similares a esta".
Tarek William Saab explicou que o crime de apologia do magnicídio (homicídio de uma pessoa célebre) é sancionado a nível internacional e referiu que, no começo de 2022, um jornalista peruano do Diário Trome foi investigado por incitar a assassinar o Presidente, Pedro Castillo.
As autoridades polacas também detiveram recentemente um cidadão que uso o Facebook para incitar ao assassinato do Presidente, Andrzej Duda, e do primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki.
A jornalista já reagiu ao anúncio do procurador atribuindo o mandado de detenção contra si ao "terrorismo de Estado" na Venezuela.
"Isto não é contra mim, é uma mensagem para os meus colegas na Venezuela. Lembrem-se que [na Venezuela], informar é um crime e que o regime se vingará sempre", disse Carla Angola Rodríguez num programa na estação de televisão EVTV Miami, que já expressou solidariedade.
Segundo a jornalista, o mandado de detenção "reivindica a (mais) valia da prática do jornalismo, inclusive na diáspora" para quem "vem de sistemas criminosos", em que quem tiver a ideia de "representar o clima de opinião real dos venezuelanos, o que sentem", termina com "um mandado de detenção e depois na cadeia".
Carla Angola frisou ainda que "não se irá pôr no papel de vítima" e que "por mais que tenham querido silenciar todo um povo, sempre haverá quem fale por ele".
A jornalista manifestou "absoluta admiração" por "todos os colegas que dentro da Venezuela, foram presos (pelas forças de segurança) durante a noite apenas por informar, aos utilizadores do Twitter que foram presos por publicar uma opinião, e por quem terminou num calabouço por expressar ideias num simples 'chat' privado de WhatsApp".
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