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Salvini. "Lampedusa não pode ser um campo de refugiados da Europa"

O líder italiano da extrema-direita, Matteo Salvini, defendeu, esta quinta-feira, em campanha para as eleições legislativas de 25 de setembro, a sua política anti-imigração na ilha italiana de Lampedusa, que continua a registar milhares de chegadas.

Salvini. "Lampedusa não pode ser um campo de refugiados da Europa"
Notícias ao Minuto

20:29 - 04/08/22 por Lusa

Mundo Itália

"Lampedusa é uma porta de entrada para a Europa, não pode ser um campo de refugiados da Europa", defendeu Salvini em declarações aos jornalistas após uma visita ao centro de receção da ilha.

"Quem tem direito a vir para a Itália, vem de avião, não de barco com risco para a sua vida. Quem não tem direito, não vem", acrescentou o dirigente da Liga, que pretende que os pedidos de asilo sejam realizados em centros de países de migração, no norte de África.

Nos últimos dias, dezenas de embarcações precárias e sobrecarregadas entraram nas águas de Lampedusa, território com 20 quilómetros quadrados localizado a cerca de cem quilómetros a leste da costa da Tunísia, no coração do Mediterrâneo.

Como costuma acontecer nos meses de verão, quando o clima mais ameno reduz o risco de viagens desde o norte de África, o centro de receção da ilha fica sobrecarregado, com mais de 1.500 pessoas contabilizadas apesar de uma capacidade quatro vezes inferior.

Durante a manhã de quinta-feira em Lampedusa, centenas de imigrantes foram retirados para serem transportados de barco para a Sicília, com Salvini a acusar as autoridades de tentar "escondê-los" antes da sua chegada.

O senador italiano faz do controlo da imigração e do encerramento das fronteiras para imigrantes ilegais a pedra angular do seu programa.

A Liga concorre às legislativas de 25 de setembro com os seus aliados Forza Italia (direita) e Irmãos de Itália (nacionalista), sendo que esta aliança é favorita à vitória sobre uma esquerda fragmentada.

Enquanto ministro do Interior em 2019, Salvini impediu que vários navios de ajuda que transportava migrantes desembarcassem em Itália.

Esta decisão resultou num processo contra Salvini na Sicília, por sequestro e abuso de poder, sendo que o líder da Liga tem usado a situação como uma plataforma política.

As sondagens apontam, no entanto, que a imigração é uma preocupação menor para os italianos, quando comparado com as questões económicas, sendo que a alta inflação está a pesar no poder de compra e nas contas da energia.

A aliança de direita tem estatuto de favorita, mas Salvini e a Liga ficam para trás nas sondagens de opinião, pois é o partido Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni, que também pede um "bloqueio naval" para conter a chegada de migrantes ao Mediterrâneo, a assumir a liderança.

O Mediterrâneo central é a rota de migração mais mortal do mundo, com quase 20.000 mortes e desaparecimentos desde 2014, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A Itália registou mais de 42.000 desembarques de migrantes desde 01 de janeiro, em comparação com quase 30.000 no mesmo período do ano passado e 14.400 em 2020.

O ritmo, de resto, não parece estar a diminuir e as Organizações Não Governamentais (ONG) SOS Méditerranée, Médicos sem Fronteiras (MSF) e Sea-Watch resgataram mais de 1.000 pessoas no mar nos últimos dias.

O navio Geo Barents da MSF está a transportar atualmente 659 pessoas, incluindo mais de 150 menores.

Após nove dias no mar, as autoridades italianas permitiram que este navio atracasse no porto de Taranto, anunciou MSF na quinta-feira.

Num comunicado conjunto divulgado na quarta-feira, as ONG pediram à União Europeia para retomar as atividades de busca e resgate, para ajudar as organizações a responderem à chegada de migrantes.

A UE encerrou a sua controversa operação de combate ao tráfico de pessoas no Mediterrâneo em 2020, substituindo-a pela Operação Irini para controlar a manutenção do embargo de armas da ONU à Líbia.

Mario Draghi presidiu em Itália a uma coligação de unidade nacional nos últimos 17 meses, desde fevereiro de 2021, quando foi indicado para gerir a crise da pandemia de covid-19 e a recuperação económica do país, após a queda do seu antecessor, Giuseppe Conte, líder do M5S, que esteve na base da atual crise política.

A coligação foi apoiada por praticamente todos os partidos com assento parlamentar, da esquerda à extrema-direita, exceto pelo movimento ultranacionalista de Giorgia Meloni.

A 14 de julho, Draghi anunciou que não queria continuar a governar sem o apoio do M5S, quando esse partido se absteve na votação de uma primeira moção de confiança no parlamento, e apresentou um pedido de demissão ao Presidente da República italiano, Sergio Mattarella, que então o rejeitou, instando Draghi a tentar novas soluções políticas, com o devido apoio parlamentar.

Na semana seguinte, Mario Draghi venceu uma segunda moção de confiança, mas perdeu o apoio de três dos partidos que apoiavam a sua coligação - o M5S, o Força Itália e a Liga - o que justificou uma nova visita ao Presidente, para lhe reiterar o pedido de demissão, dessa vez aceite, levando à convocação de eleições antecipadas.

Leia Também: Migrações. Quase 660 resgatados no Mediterrâneo vão desembarcar em Itália

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