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Mulheres dos soldados cercados do regimento Azov pedem ajuda ao Papa

Um grupo de mulheres de soldados do regimento Azov reuniu-se hoje com o Papa Francisco e pediram-lhe que interviesse para salvar os militares entrincheirados há várias semanas na fábrica Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol.

Mulheres dos soldados cercados do regimento Azov pedem ajuda ao Papa
Notícias ao Minuto

12:42 - 11/05/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"Pedimos-lhe para vir à Ucrânia, para falar com [o Presidente russo, Vladimir] Putin, para lhe dizer para os deixar ir", disse Kateryna Prokopenko, casada com um dos comandantes do regimento Azov, Denis Prokopenko, citada pela agência francesa AFP.

A reunião, que disseram ter durado "cerca de cinco minutos", realizou-se após a audiência geral do chefe da igreja católica na Praça de São Pedro, no Vaticano.

"Esperamos que este encontro lhes salve a vida. Estamos prontos para a ação do Papa, da sua delegação, os nossos soldados estão prontos a baixar as armas em caso de retirada para um país terceiro", acrescentou Kateryna Prokopenko.

"Dissemos ao Papa que 700 dos nossos soldados estão feridos, que sofrem de gangrena, amputações (...). Muitos deles estão mortos, não conseguimos enterrá-los", contou Yulia Fedosiuk, 29 anos.

Yulia Fedosiuk disse que pediram ao Papa que ajudasse os soldados a sair da fábrica cercada pelas forças russas "através de um corredor humanitário" para irem para outro país.

"Ele disse-nos que estava a rezar por nós e que faria tudo o que pudesse", acrescentou.

As mulheres disseram temer que os soldados sejam capturados, torturados e mortos pelas forças russas.

A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, tem estado quase inteiramente sob o controlo das forças russas, que só não conseguiram ainda entrar na fábrica de aço, apesar de a terem praticamente destruído com sucessivos bombardeamentos.

As autoridades de Kiev dizem que mais de mil soldados continuam a resistir ao cerco militar nas galerias subterrâneas do vasto complexo metalúrgico, após terem sido retirados os civis que ali estavam refugiados na semana passada, com a ajuda da ONU e da Cruz Vermelha.

A provedora de justiça ucraniana, Liudmyla Denisova, apelou hoje à ONU e à Cruz Vermelha para que ajudem a retirar os soldados feridos para "regiões seguras da Ucrânia, onde lhes serão prestados cuidados médicos", segundo a agência espanhola EFE.

Denisova escreveu na rede social Telegram que há soldados "com feridas abertas, sem a medicação necessária, em condições insalubres e em condições desumanas".

A provedora disse que os soldados ucranianos na Azovstal "estão a fazer esforços desumanos a cada minuto para defender o último posto avançado e não hesitaram em sacrificar-se para salvar a Ucrânia e o mundo".

"Agora, o mundo tem de os salvar", afirmou.

Denisova recordou que os "doentes e feridos gozam de proteção e respeito especiais" nos termos do artigo 16.º da Convenção de Genebra relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra.

Além disso, o artigo 3.º da Convenção sobre o Socorro aos Feridos e Doentes das Forças Armadas obriga as partes em conflito a tratá-los humanamente em todas as circunstâncias, acrescentou.

Criado em 2014, o controverso regimento Azov está no centro de uma guerra de propaganda entre Kiev e Moscovo, que acusa aquela unidade de ser formada por neonazis.

Ao invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia usou como um dos argumentos o objetivo de "desnazificar" o país vizinho.

A guerra causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,6 milhões para fora da Ucrânia, de acordo com a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Ucrânia. Guterres afasta perspetivas de cessar-fogo "num futuro próximo"

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