"Saber qual vai ser a política que o Presidente (Macron) poderá seguir vai depender dos resultados das legislativas de junho", afirmou Jaime Nogueira Pinto em declarações à Lusa, sublinhando que não pode ser ignorado o crescimento da linha política "chamada de extrema direita ou direita nacionalista".
"Tem que se levar em conta a progressão muito grande" sustentou, olhando para os dados oficiais, parciais, cerca das 23h30 de domingo (hora de Lisboa), que mostravam que Marine Le Pen conseguiu mais de 12,9 milhões de votos, contra quase 17,29 milhões que votaram e reelegeram Emmanuel Macron como Presidente.
Em 2017, a primeira vez que os dois se enfrentaram nas eleições presidenciais, o centrista Emmanuel Macron venceu com 66,10% dos votos, contra 33,90% de Marine Le Pen, ou seja com uma vantagem significativamente mais clara do que nas eleições de domingo.
A vitória de Macron "não é uma grande surpresa, esteve sempre de pé", declarou o politólogo, considerando que na verdade Le Pen conseguiu "uma proeza".
"Seria de facto extraordinário que a Marine le Pen, sobretudo com a propaganda adversa fortíssima contra ela, não só de franceses como internacionais, tivesse conseguido ganhar" as eleições presidenciais, considerou Nogueira Pinto.
Sobre a política que França seguirá, haverá "uma espécie de segunda volta, que são as eleições legislativas" e é daí, sublinhou, que "vai resultar o desenho institucional para os próximos cinco anos".
"França está dividida em três blocos" -- o de Macron, o de Marine de Pen e Eric Zemmour e o de Jean-Luc Melanchon - cada um quase com a mesma força, "e nas legislativas se verá qual a linha política que terá maior força", reforçou Nogueira Pinto.
Nas presidenciais de domingo, o centrista Emmanuel Macron foi reeleito Presidente de França, obtendo 56,10% dos votos na segunda volta das eleições, contra 43,90% de Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita, segundo resultados oficiais parciais, quando estão apurados 87% dos votos dos eleitores inscritos.
Leia Também: Biden quer "cooperação estreita" com Macron sobre Ucrânia