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Ucrânia. Milhares de georgianos lamentam cidadãos mortos em combate

Milhares de pessoas concentraram-se hoje na capital georgiana para as cerimónias fúnebres de dois nacionais que morreram enquanto combatiam as forças russas na Ucrânia, para onde se têm deslocado centenas de voluntários da Geórgia.

Ucrânia. Milhares de georgianos lamentam cidadãos mortos em combate
Notícias ao Minuto

00:04 - 26/03/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

A invasão russa da Ucrânia, iniciada há mais de um mês, desencadeou um movimento de solidariedade por parte da Geórgia, que ainda se recorda da ofensiva de Moscovo no seu território, em 2008.

Centenas de georgianos têm-se juntado voluntariamente às forças ucranianas, numa demonstração de apoio entre duas antigas repúblicas soviéticas, noticia a agência France Presse (AFP).

Entre os voluntários estavam os militares da reserva Giorgi Beriashvili e David Ratiani, ambos com 53 anos, que morreram em combate em 17 de março perto de Irpin, na periferia de Kiev, onde têm decorrido intensos confrontos.

"Eles tiveram uma morte heroica, a lutar pela liberdade da Ucrânia, pela liberdade da Geórgia", sublinhou à AFP Lili Gardapkhadze, uma estudante de 20 anos, que se deslocou à Igreja de São Jorge, onde estava o corpo de David Ratiani.

"Georgianos e ucranianos nunca deixarão Putin roubar a nossa liberdade", assegurou.

Beriashvili e Ratiani estiveram a lutar ao lado com cerca de 40 georgianos e centenas de combatentes que se deslocaram de muitos países, para combater na Legião Internacional do Exército ucraniano, desde o início do conflito em 24 de fevereiro.

Outra unidade multinacional das forças ucranianas, a Legião Georgiana, inclui cerca de 500 combatentes georgianos e um número semelhante de voluntários de todo o mundo, contou à AFP o comandante, Mamuka Mamulashvili.

Em entrevista ao 'site' Politico na quinta-feira, Mamuka Mamulashvili revelou que comanda militares profissionais de dezenas de países, a maioria dos Estados Unidos, Reino Unido e Geórgia, de onde é natural e que também já foi invadida pela Rússia.

Em detalhe, Mamulashvili contou que a sua legião foi a primeira a enfrentar os russos no aeroporto de Hostomel, na região de Kiev e referiu que a única mudança nos últimos oito de combate vem dos céus: "são os ataques aéreos, são permanentes com mísseis balísticos a caírem a qualquer momento".

No início de março as fileiras de voluntários foram estimadas em 20.000 pelo general ucraniano Kyrylo Budanov.

Também ao Politico, Damien Magrou, porta-voz da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, contou que a sua força de combate é composta por um grande contingente de voluntários britânicos, norte-americanos e polacos.

Magrou adiantou que recebeu grupos de canadianos que lutaram lado a lado no Afeganistão e até um grupo de vizinhos da mesma vila georgiana.

Para Mamuka Mamulashvili a guerra na Ucrânia "poderia ter sido evitada se o Ocidente tivesse feito o Kremlin [presidência russa] pagar um preço alto pela invasão da Geórgia em 2008".

Em agosto de 2008, a Geórgia lançou uma ofensiva para retomar a Ossétia do Sul, independente desde um conflito no início da década de 1990, após o desmantelamento do antigo bloco soviético.

A Rússia respondeu lançando uma grande operação militar e invadindo parte da Geórgia, com os combates a terminarem após cinco dias com um cessar-fogo mediado pela União Europeia. O conflito resultou em mais de 700 mortes.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Presidente da Geórgia vê "possibilidades reais" de adesão à UE

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