"Se pudesse ter uma Gestapo, uma força para acabar com todos os sindicatos, utilizava-a", referiu naquela altura Marcelo Villegas, antigo ministro do Governo de Buenos Aires, liderado por María Eugenia Vidal entre 2015 e 2019, do mesmo partido do ex-Presidente da Argentina, durante o mesmo período, Mauricio Macri.
O vídeo com as declarações foi apresentado na segunda-feira na Justiça pela Agência Federal de Inteligência (AFI) da Argentina, noticia a agência EFE.
Naquele vídeo de 2017, Marcelo Villegas está reunido com outras autoridades e empresários, supostamente a planearem uma estratégia para promoverem ações judiciais contra sindicalistas locais.
Nas imagens, Marcelo Villegas manifesta a necessidade de "construir previamente uma série de elementos para a promoção de uma ação judicial" e faz referência à necessidade de uma Gestapo, a polícia secreta nazi.
A responsável da AFI, Cristina Caamaño, destacou que as imagens demonstram "perseguição judicial" e que esta era uma prática da "máfia de Vidal que fazia parte da máfia do ex-Presidente Macri".
Os denunciantes afirmaram que a filmagem foi descoberta em 23 de dezembro, durante a "organização e manutenção de material informático em utilização".
Cristina Caamaño acrescentou que a gravação apareceu naquela agência na semana passada.
Marcelo Villegas expressou, citado pelo 'site' de notícias Infobae, "profundas e sinceras desculpas" pelas declarações em que refere a Gestapo e garantiu que aquelas declarações estão longe de expressar a sua forma de "sentir, pensar e agir".
O ex-ministro da província de Buenos Aires questionou, no entanto, a origem das imagens e que "em plena democracia" sejam utilizadas "práticas ilegais e escutas telefónicas".
Estas declarações de 2017 resultaram em repúdio por parte de dirigentes sindicais, políticos e organizações da comunidade judaica.
A Delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA) repudiou as declarações do ex-governante sobre a Gestapo, acusando de "banalizar o Holocausto de forma indecente".
A oposição política também se manifestou contra as declarações e a porta-voz do Governo referiu que "a simples menção de uma 'Gestapo para acabar com o sindicalismo' lembra os piores tempos" da Argentina.
"O estado de direito deve governar para todos, independentemente da sua ideologia. É um debate que a sociedade argentina estabeleceu quando abraçou a democracia em 1983", salientou Gabriela Cerruti.
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