O chefe de Estado ordenou ao governador da região bielorrussa para organizar um espaço para as mulheres e as crianças que se encontravam na fronteira pernoitarem, noticiou o canal do serviço de mensagens instantâneas Telegram associado à Presidência da Bielorrússia.
Nas imagens divulgadas pela agência estatal BELTA, veem-se também homens e famílias inteiras no centro logístico.
O galpão industrial situa-se perto da fronteira e ali se prepararam mais de 2.000 mantas, almofadas, toalhas e artigos de higiene, bem como alimentos e água, indicou a mesma fonte.
O assessor presidencial Yuri Karaev afirmou que os migrantes poderão permanecer no pavilhão até que a questão seja resolvida.
"Os refugiados são pessoas, primeiro que tudo, e para as pessoas é preciso criar condições aceitáveis de acolhimento", declarou, por sua vez, Sergei Novikov, diretor-adjunto da Comissão Estatal de Fronteiras.
"Ninguém pode ficar indiferente perante o que está a acontecer na fronteira bielorrusso-polaca. Estamos muito preocupados com as crianças, os idosos, as mulheres grávidas e todos aqueles que agora se encontram numa situação complicada na fronteira", disse Nadezhda Lazarevich, presidente da União de Mulheres Bielorrussas.
"Por isso, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a ajuda chegue a todos aqueles que dela necessitem", acrescentam.
Os migrantes estavam há oito dias ao relento, expostos às intempéries, desde a sua chegada em massa à fronteira bielorrussa com a Polónia, a 08 de novembro, acompanhados pela forças de segurança bielorrussas, como denunciam Varsóvia e a União Europeia, que acusam Lukashenko de travar uma "guerra híbrida" contra o bloco comunitário como retaliação à imposição de sanções ao seu país, após eleições fraudulentas que o reconduziram ao poder.
Estas foram seguidas de violenta repressão de protestos populares, detenção arbitrária de opositores e desvio de um avião para deter um jornalista independente.
A comissária do Conselho da Europa para os direitos humanos, Dunja Mijatovic, apelou hoje para contenção na situação na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia e para que seja dada autorização às organizações humanitárias e à comunicação social para terem "pleno acesso" à zona.
"Devemos encontrar uma forma de apaziguar" a situação, declarou a responsável, sublinhando que "o objetivo é realmente pôr fim ao sofrimento".
"Devemos recuar e refletir sobre o que se passa na fronteira europeia, por que é que estas pessoas são deixadas numa situação de incerteza e o que pode ser feito para pôr termo a esta situação extremamente perigosa", declarou Dunja Mijatovic à imprensa, durante uma visita a Michalowo, uma pequena cidade polaca próxima da fronteira.
As organizações humanitárias e a comunicação social estão atualmente proibidas de entrar na zona fronteiriça, devido às normas polacas do estado de emergência imposto em setembro, em reação ao afluxo sem precedentes de migrantes.
"A situação deve mudar imediatamente, para que possamos todos fazer o nosso trabalho", defendeu.
A comissária do Conselho da Europa sustentou igualmente que "o que a Bielorrússia está a fazer e como os migrantes estão a ser manipulados é absolutamente inaceitável".
O Ocidente acusa a Bielorrússia de atrair pessoas para a fronteira com falsas promessas de uma entrada fácil na União Europeia. Minsk rejeita tais acusações e exige que a UE deixe entrar os milhares de migrantes concentrados junto à fronteira.
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