Separatistas de Tigray dizem estar prontos para um cessar-fogo na Etiópia
Os separatistas de Tigray, na Etiópia, comunicaram ao Alto Representante da União Africana (UA) para o Corno de África, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, que estão dispostos a negociar para pôr fim ao conflito no país.
© ASHRAF SHAZLY/AFP via Getty Images
Mundo Tigray
A informação foi dada à agência de notícias Efe por um alto funcionário da UA, que pediu anonimato.
Segundo fonte da UA, Obasanjo transmitiu hoje ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana (AUPSC) a vontade da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF) "de se sentar à mesa e resolver o conflito através da negociação, mas para isso exigem algumas condições prévias".
Neste sentido, segundo o alto funcionário, a TPLF está disposta a declarar um cessar-fogo e a negociar, mas apenas se o cerco em Tigray for levantado e os serviços básicos e as comunicações, agora suspensos, forem desbloqueados.
Obasanjo informou hoje a AUPSC dessa questão, numa reunião de emergência após o diálogo que ocorreu no domingo entre as autoridades etíopes e o presidente da TPLF, Debretsion Gebremichael, para se procurarem soluções para o conflito.
"O presidente Debretsion de Tigray teve uma conversa muito frutuosa com o Presidente Olesegun Obasanjo, enviado especial da UA para o Corno de África", declarou ontem Getachew Reda, porta-voz da TPLF, através da sua conta de Twitter.
Debretsion também se reuniu no domingo com o chefe humanitário da ONU Martin Griffiths para discutir a situação humanitária na região da Etiópia.
O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, apelou à cessação das hostilidades e à necessidade de um processo político para encontrar uma solução consensual para a crise.
A visita de Obasanjo surge numa altura em que o conflito acaba de completar um ano, com o avanço dos rebeldes e seus aliados, que não excluíram a possibilidade de chegar à capital, Adis Abeba, e a proclamação do estado de emergência em todo o país para refrear combater as forças separatistas.
Após um ano de conflito, milhares de pessoas foram mortas, cerca de dois milhões estão deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.
Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, de acordo com o Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas.
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