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Lei que permite orações judaicas na Esplanada das Mesquitas gera críticas

Um tribunal israelita determinou esta semana que os judeus podem orar na Esplanada das Mesquitas, desde que em silêncio, decisão que gerou descontentamento nos palestinianos e países muçulmanos que consideram uma "violação" ao terceiro local mais sagrado do Islão.

Lei que permite orações judaicas na Esplanada das Mesquitas gera críticas
Notícias ao Minuto

00:12 - 08/10/21 por Lusa

Mundo Israel

A Esplanada das Mesquitas estende-se por uma área de 14 hectares no centro da Cidade Velha de Jerusalém e os judeus chamam a este local Monte do Templo, considerando-o o lugar mais sagrado do judaísmo.

O local, denominado Haram al-Sharif (Nobre Santuário) pelos muçulmanos, abriga a mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula do Rochedo e corresponde ao terceiro lugar mais sagrado do Islão, depois da Grande Mesquita de Meca e da Mesquita do Profeta de Medina, ambos na Arábia Saudita.

Em 29 de setembro, o rabino Arie Lippo foi preso pela polícia israelita por orar silenciosamente na Esplanada em Jerusalém Oriental.

Arie Lippo recorreu da decisão, admitindo que orava ali em silêncio diariamente.

A juíza Bilha Yaalom, do Tribunal de Magistrados de Jerusalém, anulou a decisão da polícia na terça-feira.

"O recorrente está a orar silenciosamente num canto, sem público por perto. Não vejo como representa um perigo para a ordem pública como a polícia afirmou", salientou a juíza, após a visualização de vídeos da polícia.

A polícia israelita controla as entradas neste local sagrado que é administrado pelo Waqf, órgão responsável pela propriedade muçulmana em Jerusalém, dependente da vizinha Jordânia.

Desde a conquista em 1967 e a anexação de Jerusalém Oriental por Israel, que não é reconhecida pela comunidade internacional, um acordo permite que os judeus acedam à Esplanada em determinados momentos, mas que não rezem lá.

A oração ocorre normalmente no Muro das Lamentações, mais abaixo, embora durante anos os judeus religiosos tenham orado em segredo na Esplanada.

Estes judeus religiosos causam incidentes ocasionalmente ao orarem às escondidas na Esplanada quando entraram no local como simples visitantes, criando tensões com os fiéis muçulmanos palestinianos que temem que Israel tente mudar as regras de acesso aquele local.

"Não há razão para que os judeus não possam orar, mesmo que em silêncio", apontou o advogado do rabino, Me Moshe Polsky.

O advogado elogiou a decisão do tribunal que "de facto autoriza o que está acontecer há um ano no Monte do Templo, ou seja, judeus que vão para lá orar em silêncio".

O responsável da mesquita de al-Aqsa, Sheikh Omar al-Kiswani, criticou, em declarações à AFP, a decisão do tribunal israelita, considerando essas orações "provocações e uma violação da santidade de Al-Aqsa".

"A decisão não tem legitimidade, pois não reconhecemos as leis israelitas sobre Al-Aqsa", acrescentou.

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammed Shtayyeh, pediu a Israel que não impusesse um "novo fato consumado" na praça e instou os Estados Unidos, um aliado de Israel, a "cumprir o seu compromisso de manter o status quo" naquele local sagrado.

A Organização para Cooperação Islâmica (OIC), sediada na Arábia Saudita, que representa mais de 1,5 biliões de muçulmanos em todo o mundo, denunciou um "ataque sem precedentes aos direitos inalienáveis dos muçulmanos".

Já o Egito considerou esta uma "violação" que terá repercussões na "segurança e estabilidade da região" e a Jordânia prometeu opor-se "firmemente" a qualquer julgamento israelita que vise "lugares sagrados" em Jerusalém.

Leia Também: Milhares de palestinianos tentam obter autorizações de trabalho em Israel

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