Líderes da Ásia Central preocupados com deterioração do conflito
Os líderes de cinco países ex-soviéticos da Ásia Central expressaram hoje "preocupação" com a instabilidade criada no Afeganistão e discutiram formas de coordenar uma resposta a potenciais ameaças à segurança devido ao aumento da intensidade do conflito.
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Mundo Afeganistão
No comunicado final do encontro, que decorreu em Turkmenbashi, junto ao Mar Cáspio, os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão defenderam ser necessária uma solução rápida para o conflito que opõe as tropas afegãs aos talibãs.
"Para preservar e fortalecer a segurança e a estabilidade na Ásia Central é um fator chave uma solução rápida para a situação no Afeganistão", lê-se no documento.
O Presidente do Turcomenistão, Gurbanguly Berdimuhamedov, observou que as negociações e conversações entre os cinco Estados vão impulsionar a cooperação regional.
Os cinco presidentes falaram sobre o reforço das relações comerciais e económicas entre os países da região e sobre o estabelecimento de um diálogo permanente sobre segurança regional, acrescenta-se no comunicado.
Os combates entre os talibãs e as forças militares do Afeganistão aumentaram recentemente de intensidade, à medida que as tropas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) estão a concluir a retirada do país devastado pela guerra.
Os talibãs controlam atualmente mais de metade dos 421 distritos e centros provinciais do Afeganistão, depois de uma ofensiva com uma velocidade inesperada e que tem como objetivo tomar as capitais distritais.
"A retirada das tropas norte-americanas e aliadas do Afeganistão exacerbou drasticamente a situação militar e política do país. Lamentavelmente, os talibãs assumiram o controlo de toda a extensão da fronteira com o nosso país", disse o Presidente do Tajiquistão, Emomali Rakhmon, ao falar na cimeira.
Rakhmon referiu que mais de 2.000 soldados do exército afegão fugiram para o Tajiquistão durante uma das ofensivas dos talibãs.
"É bastante surpreendente que tenham recuado e abandonado as suas posições sem oferecer qualquer resistência aos talibãs", acrescentou.
O Presidente tajique expressou também "preocupação" face à concentração de "grupos terroristas" ao longo da fronteira afegã com o Tajiquistão, que somam mais de 3.000 militantes provenientes das antigas repúblicas soviéticas e da China.
"São extremistas bem treinados em sabotagem, terrorismo e atividades de propaganda e têm planos de longo prazo em relação à nossa região", disse Rakhmon, observando que o Tajiquistão tomou medidas para fortalecer a proteção da sua fronteira com o Afeganistão.
Também durante a reunião, o Presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, enfatizou que a estabilidade na Ásia Central depende da situação no Afeganistão.
"A segurança e o desenvolvimento estável dependem de um acordo político no Afeganistão", defendeu Mirizyoyev.
A Rússia, que tem um pacto de segurança com vários países da Ásia Central e que mantém bases militares no Tajiquistão e no Quirguistão, prometeu avançar com assistência militar para repelir qualquer ameaça potencial vinda do Afeganistão.
Hoje, tropas russas e uzbeques realizaram exercícios militares conjuntos, que envolvem cerca de 1.500 soldados e duas centenas de veículos militares, manobras destinadas a preparar eventuais combates contra os talibãs.
As manobras militares incluíram bombardeiros russos 'Tu-22M3' de longo alcance, que atingiram alvos simulados representando posições rebeldes no centro de treino de Termez, no Uzbequistão.
A cimeira ocorreu também numa altura em que a Rússia realiza outros exercícios militares conjuntos com o Tajiquistão e o Uzbequistão na fronteira afegã.
O chefe de estado-maior do exército russo, Valery Gerasimov, que chegou quinta-feira ao Uzbequistão, indicou que "a principal ameaça à região da Ásia Central vem hoje do lado afegão", responsabilizando a "retirada apressada das forças estrangeiras" do país.
Embora os talibãs afirmem que não ameaçam outros países da Ásia Central e que estabeleceram contactos oficiais com o Uzbequistão e o Turquemenistão, os especialistas dizem que uma situação de segurança muito deteriorada no Afeganistão é uma ameaça em si mesma para toda a região.
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