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Esquerdista estreante na política assume Presidência do Peru

O esquerdista estreante na política Pedro Castillo assumiu hoje a Presidência do Peru para o mandato 2021-2026, depois de tomar posse perante o Congresso da República e receber a simbólica faixa presidencial.

Esquerdista estreante na política assume Presidência do Peru
Notícias ao Minuto

20:28 - 28/07/21 por Lusa

Mundo Pedro Castillo

Envergando o seu tradicional chapéu de palha de aba larga e um fato com motivos indígenas, Castillo, o primeiro chefe de Estado peruano de origem rural e sem experiência política, recebeu os símbolos do poder do Estado das mãos da presidente do parlamento, María del Carmen Alva, numa cerimónia realizada na capital, Lima.

"Juro por Deus, pela minha família, pelas minhas irmãs e meus irmãos peruanos, camponeses, povos indígenas, pastores, pescadores, professores, profissionais, crianças, jovens e mulheres, que exercerei o cargo de Presidente da República pelo período de 2021-2026. Juro pelos povos do Peru, por um país sem corrupção e por uma nova Constituição", declarou.

Na sóbria cerimónia, estiveram presentes todos os representantes dos poderes do Estado, a totalidade do Congresso e familiares próximos do novo chefe de Estado.

Também assistiram convidados como o Rei de Espanha, Felipe VI, e os Presidentes da Argentina, Alberto Fernández; da Bolívia, Luis Arce; do Chile, Sebastián Piñera; da Colômbia, Iván Duque; e do Equador, Guillermo Lasso.

Castillo assume a Presidência do Peru num momento crítico para o país, assolado pela crise sanitária e económica desencadeada pela pandemia de covid-19, num contexto de enorme polarização e instabilidade política.

O professor de um meio rural, de 51 anos, recebe para governar o país com maior mortalidade por covid-19 'per capita', com cerca de 200.000 mortos, e uma economia que luta por recuperar depois de se contrair 11,8% em 2020.

O seu triunfo nas eleições presidenciais, disputadas em duas voltas a 11 de abril e 06 de junho, foi uma surpresa para muitos peruanos e, sobretudo, foi um golpe para os poderes estabelecidos e a política tradicional do país andino.

O Peru, que hoje comemora também os 200 anos de independência, tem em Castillo, pela primeira vez, um chefe de Estado procedente do meio rural andino, alheio às suas elites políticas e cúpulas de poder, muito preocupadas com a sua aparição.

Espera-se que, nas próximas horas, o novo Presidente, cujo silêncio nas últimas semanas foi absoluto, anuncie o seu Governo e confirme quais serão as primeiras linhas de ação do seu mandato.

Durante a campanha, Castillo enfatizou a necessidade de o Estado peruano ter uma maior intervenção na economia e insistiu em impulsionar a criação de uma Assembleia Constituinte para criar uma nova Constituição, propostas que geraram uma ampla controvérsia no país.

As últimas sondagens indicam que Castillo é encarado pelos peruanos com uma mistura de esperança (34%), incerteza (29%), confiança (16%) e medo (15%).

Castillo inicia o seu mandato também com a certeza de que não terá um período de "lua-de-mel" com os seus opositores, que já desde a noite de 06 de junho, quando se começou a vislumbrar o seu triunfo sobre a candidata de direita, Keiko Fujimori, começaram a semear dúvidas sobre a legitimidade da sua vitória.

Fujimori denunciou durante semanas, sem provas objetivas, a existência de "uma fraude" cometida por Castillo e o seu partido, Peru Livre.

Essa "fraude" é inexistente para a Justiça peruana e para a comunidade internacional, mas atrasou por um mês e meio o anúncio da vitória de Castillo, com mais de um milhar de ações judiciais e recursos legais sem fundamento.

Setores da direita política e mediática chegaram inclusive a instar as Forças Armadas a afastá-lo e deixar a Presidência do Peru nas mãos do presidente do Congresso, o que, na prática, seria um golpe de Estado.

Leia Também: Peru regista aumento "alarmante" de desaparecimento de mulheres

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