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Cuba em "calma tensa". Ilha sem internet após maior protesto em 27 anos

Vários intervenientes internacionais apelaram a que Cuba dê ouvidos ao povo, depois de o país assistir aos maiores protestos contra o governo em quase três décadas. Há relatos de agressões e detenções, tendo o presidente cubano reagido com ataques aos Estados Unidos, que acusa de quererem implementar um novo regime em Havana.

Cuba em "calma tensa". Ilha sem internet após maior protesto em 27 anos
Notícias ao Minuto

15:01 - 13/07/21 por Anabela Sousa Dantas com Lusa

Mundo Cuba

União Europeia, Estados Unidos, Amnistia Internacional. Todos pedem ao presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que sejam ouvidas as vozes do povo depois de um fim de semana em que milhares de cubanos saíram à rua em vários pontos do país para protestar contra o governo, reclamando liberdade e melhores condições de vida, num ato de insurreição que não era visto desde 1994.

A reação governamental foi de repressão. Miguel Díaz-Canel exortou os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o "combate". "A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas", afirmou o governante, citado pela agência EFE, numa aparição especial na televisão.

Nas manifestações, que começaram por ser pacíficas, registaram-se entretanto momentos de violência e acabaram por ser feitas detenções, tanto de manifestantes como de jornalistas. A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) disse que recebeu informações sobre o uso da força e de agressões e apelou ao governo cubano para respeitar o direito de protesto.

Esta terça-feira, volvidos dois dias, Cuba estará numa "calma tensa", segundo explica a agência Efe, reportando que na segunda-feira os cidadãos acordaram "sem serviço de internet móvel e com forte presença policial nas ruas de Havana". O serviço de internet foi cortado no domingo, a meio do dia, o que tem dificultado a circulação de informações sobre o impacto das manifestações populares.

Notícias ao Minuto Polícia à paisana detém um manifestante, em Havana© REUTERS/Stringer  

Nas horas anteriores ao corte dos serviços de comunicações por internet móvel, tinham-se multiplicado nas redes sociais denúncias sobre repressão e violência policial sobre os manifestantes deste fim de semana.

Estes foram os maiores protestos anti-governo de que há registo na ilha desde o chamado 'maleconazo', quando em agosto de 1994, em pleno "período especial", centenas de pessoas saíram às ruas de Havana e não se retiraram até à chegada do então líder cubano Fidel Castro.

E porquê agora? Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, os cubanos enfrentam maior escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, assim como prolongados cortes de energia, o que gerou um forte mal-estar social. As manifestações aconteceram no dia em que Cuba registou um novo recorde diário de contágios e mortos devido à doença.

Que reações já surgiram? A União Europeia apelou esta terça-feira às autoridades cubanas para libertarem "imediatamente" todas as pessoas, manifestantes e jornalistas, detidas nos protestos de domingo contra as autoridades de Havana, uma prática que qualificou como "inaceitável". "Temos conhecimento de relatos não só da detenção de pessoas de opositores e ativistas, mas também de jornalistas. Isto é absolutamente inaceitável", disse o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.

Já na véspera, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou às autoridades cubanas para autorizassem as manifestações e "escutassem" o descontentamento da população, na sequência das manifestações históricas em toda a ilha.  No mesmo dia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apelou ao regime cubano para "ouvir o povo e responder às suas necessidades", considerando que os protestos em Cuba constituem um "valente exercício de direitos fundamentais".

A Amnistia internacional, por seu turno, condenou a "retórica inflamatória de guerra" do presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, face aos protestos no país e pediu às autoridades de Havana que "atendam às exigências sociais".

Resposta de Miguel Díaz-Canel às críticas internacionais. O presidente cubano fez ontem uma comunicação televisiva em que apontou baterias aos Estados Unidos, acusando o país de desestabilizar Cuba e de procurarem criar condições para uma mudança de regime em Havana. Acompanhado de membros do seu Governo e do Comité Político do Partido Comunista de Cuba, o presidente disse que os protestos que se realizaram no domingo em várias cidades cubanas tiveram como objetivo "fraturar a unidade do povo" e "desacreditar o Governo e a revolução".

Miguel Díaz-Canel acusou os EUA de continuar numa estratégia de "asfixia económica para provocar agitação social" e conseguir uma "mudança de regime" em Cuba, estando por detrás das manifestações de contestação ao regime de Havana.

Díaz-Canel conta com manifestações de apoio do México e da Rússia. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, rejeitou qualquer abordagem "intervencionista" na situação em Cuba e ofereceu o envio de ajuda humanitária. Na mesma linha, a Rússia criticou qualquer "ingerência estrangeira" na crise social em Cuba.

Leia Também: UE apela à libertação de manifestantes e jornalistas detidos em Cuba

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