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Berlim "toma nota" de notícias sobre espionagem da NSA mas não comenta

Berlim disse hoje que os assuntos relacionados com serviços secretos não podem ser abordados de forma pública, acrescentando que "tomou nota" das novas informações sobre atos de espionagem norte-americanos com alegada colaboração dinamarquesa.

Berlim "toma nota" de notícias sobre espionagem da NSA mas não comenta
Notícias ao Minuto

12:47 - 31/05/21 por Lusa

Mundo Alemanha

"Peço que entendam que os temas e atividades relacionados com (serviços) de informações não podem ser falados aqui publicamente, mas sim com as devidas comissões parlamentares", disse hoje o porta-voz do Executivo de Berlim, Steffen Seibert, acrescentando que o Executivo "tomou nota" das novas informações.

O porta-voz referia-se às notícias transmitidas pelo canal público de televisão da Dinamarca, DR, sobre o suposto envolvimento dos serviços secretos de Copenhaga no caso de escutadas dos Serviço Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos.

A chanceler Angela Merkel e outros líderes políticos europeus foram o alvo da vigilância da NSA, durante a Administração Obama, segundo as últimas notícias com a colaboração dos serviços de informações de Copenhaga, usando, por exemplo, recursos como os cabos submarinos dinamarqueses. 

O porta-voz do Governo alemão referiu-se também às declarações da ministra da Defesa da Dinamarca, Trine Bramsen, que em comunicado disse à televisão DR que o "Executivo (dinamarquês) não pode falar de especulações sobre assuntos relacionados com os serviços de informações que são tratados pelas respetivas comissões parlamentares".

Steffen Seibert disse ainda que o facto de o Governo alemão não tomar uma posição pública sobre as últimas informações não equivale a uma declaração quanto ao facto de as circunstâncias agora expostas "serem corretas ou não".

Para esclarecer este assunto, o Governo alemão, afirmou o responsável, "está em contacto com os postos relevantes tanto a nível nacional como internacional".

Por outro lado, assinalou que a chanceler Merkel "já tomou conhecimento do objeto da investigação através das perguntas que foram dirigidas pelos jornalistas".

O porta-voz declinou responder à pergunta sobre uma eventual resposta formal do Governo a estas informações que resultaram de uma investigação jornalística recente.

Seibert disse que a posição da Alemanha sobre o assunto foi expressa em 2012 e 2014 de forma detalhada quando na altura foram abordadas as práticas da NSA e que uma comissão de investigação no Parlamento "tratou de forma intensiva a problemática" tendo a chanceler feito declarações sobre a questão.

"Não há nada de novo a acrescentar", disse.

Na altura das primeiras notícias sobre atos de espionagem, divulgados pelo ex-agente da NSA, Edward Snowden, a chanceler alemã demonstrou mal-estar ao presidente norte-americano, Barack Obama considerando "inaceitável a espionagem entre amigos".

A ministra da Defesa da Dinamarca disse à estação de televisão DR que o Governo tem a mesma posição demonstrada em 2012 e 2014 pela ex-primeira-ministra social-democrata Helle Thorning-Schmidt que disse que as "escutas 'sistemáticas' de aliados são inaceitáveis".

Hoje, na Dinamarca, dois partidos de esquerda pediram explicações aos ministros da Defesa e da Justiça após as notícias sobre o alegado o envolvimento dinamarquês nas escutas dos Estados Unidos a líderes europeus.  

"Isto faz com que políticos da Suécia, Noruega e Alemanha, nossos parceiros, não possam confiar na Dinamarca. Trata-se de um grande problema e, ainda para mais, se aceitou (atuar) 'de olhos abertos'", disse Eva Flyvholm, porta-voz para os assuntos de Defesa da Lista Unitária, um dos aliados do Executivo social-democrata dinamarquês.  

O Partido Popular Socialista, outra formação política aliada do Governo minoritário da Dinamarca, liderado pela social-democrata Mette Frederiksen, apresentou também um pedido para a presença no parlamento dos titulares das pastas da Defesa, Trine Bramsen, e da Justiça, Nick Haekkerup. 

A estação de televisão DR cita nove fontes de informação, não identificadas, que tiveram acesso ao relatório dos serviços de informações da Dinamarca - Forsvarets Efterretningstjeneste (FE). 

O documento de 2015 concluiu que a NSA espiou políticos de países vizinhos da Dinamarca aproveitando a colaboração dos serviços de informações e os recursos de Copenhaga.

O relatório foi enviado à direção do FE sem que, aparentemente, se tivessem registado consequências. 

O organismo encarregado de controlar o FE abriu uma investigação em 2018, depois de receber um aviso de um informador, tendo emitido, em agosto de 2020, duras críticas às práticas dos serviços de informações de Copenhaga.

Entretanto, o Governo francês disse que vai verificar se altos funcionários de Paris foram também alvo de espionagem norte-americana com a suposta colaboração da Dinamarca, considerando "extremamente grave" caso as informações se confirmem.

Leia Também: Partidos dinamarqueses exigem explicações sobre espionagem da NSA

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