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Ébola: Pede-se resposta rápida a novos surtos na Guiné-Conacri e no Congo

Várias organizações humanitárias internacionais estão a mobilizar esforços contra novos surtos de Ébola na Guiné-Conacri e na República Democrática do Congo (RDCongo) e apelam para uma resposta "rápida" para conter o vírus.

Ébola: Pede-se resposta rápida a novos surtos na Guiné-Conacri e no Congo
Notícias ao Minuto

15:12 - 15/02/21 por Lusa

Mundo Ébola

A Cruz Vermelha Internacional anunciou hoje ter mobilizado mais de 700 voluntários como parte de uma primeira reação a um novo surto de Ébola, detetado na comunidade rural de Gouéké, na província guineense de N'Zerekore.

O novo surto, o primeiro na África Ocidental em cinco anos, conta com sete casos confirmados da doença, da qual já resultaram três mortos.

"O tempo é essencial. O ressurgimento do vírus na Guiné-Conacri chega na pior altura possível, quando o país já enfrenta a pandemia de covid-19", disse Mohammed Mukhier, diretor regional para África da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC).

"Embora estejamos extremamente preocupados, estamos também tranquilizados com as lições que aprendemos com os surtos anteriores, e com os recentes avanços médicos", acrescentou.

Os novos casos surgiram na mesma região onde teve origem a maior epidemia de Ébola da história, entre 2014 e 2016, que alastrou posteriormente aos vizinhos Libéria e Serra Leoa, tendo causado mais de 11.300 mortos, 2.500 dos quais na Guiné-Conacri.

"Precisamos de uma resposta que seja mais rápida que o próprio vírus. A menos que a resposta seja rápida, os impactos na saúde, económicos e sociais serão provavelmente imensos para milhões de pessoas num país com um sistema de saúde relativamente fraco, e onde mais de metade da população vive abaixo do limiar da pobreza", sublinhou Mohammed Mukhier.

Também na República Democrática do Congo foram confirmados, nos últimos dias, quatro novos casos do vírus na região do Kivu Norte, o que levou o Comité Internacional de Salvamento (IRC, na sigla em inglês) a apelar para "uma ação rápida" na luta contra o vírus.

O IRC manifestou-se "extremamente preocupado" com a possibilidade de um novo surto de Ébola na RDCongo "vir devastar" uma comunidade ainda a recuperar do último surto, a lutar contra a covid-19 e alvo de violência e insegurança alimentar crescentes.

"Outro surto no Kivu Norte é um desastre. Nunca é demais sublinhar quão difícil isto será para as pessoas que vivem na província. Elas têm enfrentado décadas de violência por grupos armados e agora, entre Ébola e covid-19, têm sido confrontadas com surtos de doenças durante quase três anos consecutivos", disse Kate Moger, vice-presidente do IRC para os Grandes Lagos.

O último surto nesta área foi declarado há menos de um ano e matou 2.200 pessoas, quase 66% das que apresentaram o vírus, indicou o IRC, sublinhando que, devido à pandemia de covid-19, "vencer o Ébola no Kivu Norte será agora duplamente complicado".

"Uma vez que outro surto de Ébola foi também declarado na Guiné-Conacri, onde teve início a epidemia de 2014-2016 na África Ocidental, o IRC apela a uma ação rápida e ao financiamento direto das agências de ajuda de primeira linha para pôr fim a ambos os surtos", acrescentou a organização.

Para Kate Moger, é absolutamente "imperativo" aplicar as lições aprendidas com surtos passados para impedir a propagação do Ébola, tanto na RDCongo como na Guiné-Conacri.

O vírus Ébola foi identificado pela primeira vez em 1976 na RDCongo e deve o seu nome a um rio no norte do país, perto do qual teve origem o primeiro surto.

Os morcegos são considerados o hospedeiro natural do vírus, mas não desenvolvem a doença, enquanto outros mamíferos como os grandes símios, antílopes ou porcos-espinhos podem transportá-lo e transmiti-lo aos humanos.

O Ébola é transmitido entre humanos através de fluidos corporais como sangue ou fezes e tem uma taxa de letalidade muito elevada, que varia entre 50% e 90%, de acordo com a OMS.

Uma primeira vacina, fabricada pelo grupo americano Merck Shape e Dohme, provou ser altamente protetora contra o vírus, num grande ensaio realizado na Guiné-Conacri em 2015.

Esta vacina, pré-qualificada em novembro de 2019 pela OMS para licenciamento, foi utilizada em mais de 300.000 doses numa campanha de vacinação orientada durante o último surto na RDCongo.

Uma segunda vacina experimental, dos laboratórios norte-americanos Johnson&Johnson, foi introduzida em outubro de 2019 como medida preventiva em áreas onde o vírus está ausente, e mais de 20.000 pessoas foram vacinadas.

Leia Também: OMS disponibiliza recursos para combater Ébola na Guiné-Conacri

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